Esse costume de "correr atrás de doces" de São Cosme e São Damião foi um marco na minha infância.
Meu preferido era o "suspiro". Eu juntava um montão e comia bem devagar para não acabar logo.
Uma tia minha morava na Penha em frente ao Parque Ari Barroso, onde eu gostava de brincar.
Tinha um pessoal que fazia uma espécie de tapete de balas "juquinha" no gramado. Era do santo, diziam...
Como eu sabia que o santo, para ser santo, deveria ser gente boa, catava tudo.
Tirava a camisa, dava nós nas mangas e fechava a gola... Virava uma sacola, onde eu enchia de balas.
Minha mãe, quando me via rico daquelas balinhas gostosas, gritava:
- Menino, diacho! Não pode pegar porque é do santo!
Ali em frente ao Museu que incendiaram para roubar umas peças únicas e raras, na Quinta da Boa Vista, a galera fazia tapetes enormes de balas de tamarindo!
Eram azedinhas e eu ficava com a boca ardendo de tanta afta!
Alguém dizia:
- Tá vendo? Foi o santo!
Um dia, quando em um dos turnos eu estudava no Colégio Atlas, fui fazer um trabalho escolar na casa de um coleguinha num morro e, quando estava descendo pra Botafogo, vi uma galera mirim correndo para pegar doces e os segui por aquelas vielas sem fim.
A mulher estava entregando os saquinhos através do muro.
Subi rápido com minhas pernas de garça e ganhei o meu!
Comi logo aquela geleia gostosona, as marias moles e os suspiros. As balas, bananadas e "drops" eu deixava para depois.
Vi que um guri menor não conseguia subir no muro e eu subi outra vez para puxá-lo. Tinha que ser rápido porque as centenas de saquinhos acabavam logo!
Ele conseguiu um e a mulher veio me dar outro, mas eu disse: Moça! Eu já ganhei.
Ela sorriu e disse:
- Pode pegar outro e nunca deixe de ser honesto.
Voltei feliz para o local combinado onde a minha mãe iria me buscar para voltar pra casa e nunca esqueci a frase daquela moça bonita vestida de branco e com um monte de colares no pescoço...
"Nunca deixe de ser honesto"!
Hoje demonizaram esse Costume lindo e o "santo" aconselha aos gritos:
"Sonegue tudo o que puder"!
Outros "santos" adoram o "santo sonegador e perpetuador de centenas de crimes"...
Que diferença daquela moça com um sorrisão, tipo o Sol, me falando com carinho:
"Nunca deixe de ser honesto"...
Por isso eu, se estiver vivo, vou votar 13.
Eu opto sempre pelo amor!
Pela honestidade e carinho pelo meu povo.
Votar 13 é pegar pela mão os menores, ignorantes, que não conseguem alcançar a importância do doce para todos...
Um comentário:
Que linda crônica e tantas lembranças dessas doçuras da data!@ Quando criança, morava no Rio e minha mãe não se apegava às datas. Aqui no Sul não é tradição
E eu, ficava louca esperando os saquinhos que as vizinhas do prédio me ofereciam, cheio de doces e delicias...Coisa boa!
E, temos mesmo quando podendo optar, ir pelo amor! Concordo!!! abração, tudo de bom,chica
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