sexta-feira, 14 de outubro de 2011

MÓRBIDO - Com Marcos Loures








Eu sei que meu caminho está no fim,
Por isso é que despejo este soneto
São versos que ao vazio, eu arremeto,
Tentando alguma flor; pobre jardim.

A morte me rondando, diz que sim,
Os erros tão freqüentes que cometo,
No fundo, estou sem tempo, mas prometo,
Em pouco tempo acaba tudo, enfim...

Houvesse alguma chance de sonhar,
Vagar por mil estrelas; nebulosas,
As horas tão sutis e melindrosas,

Numa esperança sólida embarcar...
Mas sei que no final não serei nada,
A carne apodrecida e destroçada...

Marcos Loures

Também eu já me encontro na beirada
Do limiar que faz separação
Entre o viver sofrido e a desgraçada
Da morte que me quer plantar no chão.

Ainda assim eu nem lamento nada!
Vivi intensamente e com paixão!
Também achei de dar muita mancada,
Mas quer saber? Eu me arrependo, não.

Sorvi mulheres lindas, paraísos!
Até chapei pra ver o céu girar!
Se a morte me quiser pode levar!

Eu traço ela, também, garanto em risos,
Pois sei que ela é mulher e se tem guizos,
Serpente mal comida, eu vou domar!

Ronaldo Rhusso


Não temo esta maldita, mas procuro
Vencer os meus anseios naturais,
E o quanto nestes versos demonstrais
Traduz um solo fértil, porém duro...

Por mais que inda pareça mais seguro
O fim adentra a sala e nos vitrais
Presumo os erros tantos, funerais,
De quem neste cenário- a paz- conjuro.

Mas sei que na verdade de tal forma
O quanto pouco a pouco me transforma
Expressará num ato mais voraz,

Num etéreo vagar, renascimento,
Uma esperança além, busco e fomento,
E eternidade da alma, o vento traz...

Marcos Loures

Temer pra que se o fim é virar pó?
Querido, ela liberta e a foice é bela!
Só sei dizer que tu não estás só;
Eu transporei, também, essa janela.

Estou tranquilo e sei cantar em dó
Uma canção que fiz pr’essa magrela.
Serei pesado como a pedra mó
E afundarei o corpo e a foice dela!

Eternidade já começa agora
E até me sinto bem, com dor e tudo!
Eu sou poeta e não vou ficar mudo!

A poesia fica e em cada aurora
Renascerá enquanto a noite chora.
Sonetos eternizam... Nosso escudo!

Ronaldo Rhusso

Embora muitas vezes em meu olhar
Reluza esta esperança em brilho farto,
O sonho mais audaz jamais descarto
E sei do quanto é justo mergulhar,

E o tempo após o tempo a revelar
Cada palavra como fosse um parto,
Porém na solidão do velho quarto,
Às vezes é difícil o imaginar,

Porém quando renasce dentro da alma
A força que sublime vem e acalma
Trazendo a divindade mais sublime,

O passo se tornando bem mais firme,
E tendo esta certeza que redime,
A viga a cada dia se confirme.

Marcos Loures

A esperança é linda se decorre
Da fé que alimenta essa aliada
Que dizem ser a última que morre,
Mas se ela morre já não resta nada.

Contudo eu sou teimoso, sou um porre
De ilusão, quimeras, camarada!
Sou um guerreiro e sou o que não corre
De desafios. Topo essa parada!

A gente, então combina, de repente,
Quem for primeiro para o Paraíso
Aguarda o outro na porta c’um sorriso!

Assim eu nem lhe peço “vá na frente”,
Pois com teus avalanches és latente
E tens que ficar mais. Sincero eu friso!

Ronaldo Rhusso


Em consonância a vida prosseguindo
Na nova etapa além que se produza,
Do brilho que deveras nos conduza
Ao Paraíso etéreo, raro e lindo,

Aos poucos nas palavras vou fluindo
Usando ou abusando de uma Musa,
Que possa na verdade ser confusa,
Ou mesmo num anseio quase infindo,

Não há decerto o quanto mais temer,
É necessário em luz se esvaecer
E transcender à própria persistência

Que possa nos trazer em dimensão
Diversa a mais completa sensação
Do eterno caminhar em rara essência.

Marcos Loures

De fato essa é a idéia que sustento:
O eterno caminhar em rara essência!
Porque somos tão fortes que o lamento
Deixamos para a prole em decadência!

Nosso rimar conciso tem fomento
Em cada Musa nobre ou não. Paciência!
Confesso que às vezes as invento
Será isso princípio de demência?

Se for morrerei louco e feliz!
E essa é uma grande sensação:
Morrer desnudo de toda a razão!

“Aqui jaz outro louco, outro aprendiz
Que deu à vida um novo e bel’ matiz”
É o que na minha pedra escreverão.

Ronaldo Rhusso

A vida se refaz e nisto vejo
Além do quanto seja mais palpável,
O sonho se fazendo sempre arável
Traduz em plenitude este desejo,

Do mundo aonde trace em azulejo
O canto que se trame incomparável,
E nisto nosso verso imensurável
Reflita muito além de algum lampejo,

Em epitáfio traçaremos luzes
E mesmo quando se aproximem urzes
Os passos seguem sempre mais audazes,

E quando não restar sequer o pó,
Nos versos e delírios, jamais só,
Co’alento que deveras tu me trazes.

Marcos Loures


O pó ao vento vai ser relegado
E muitos dele, sei, aspirarão.
Algum deles há de, muito inspirado,
Continuar com zelo essa Missão!

E a morte perderá, pois é seu fado!
Ela não pode ir na contramão
Desse caminho que temos traçado
Com gana, com amor e com paixão!

Contribuímos para um mundo novo
Com clássica maneira de expressar
A mais perfeita forma de rimar.

Alguém em meio a todo esse povo
Entenderá: Soneto é um renovo
E o tempo a ele não vai apagar!

Ronaldo Rhusso


Por mais que tentem mesmo relegar
Ao mais ínfimo plano a poesia,
A vida se renova e a cada dia,
Num cíclico caminho a se mostrar,

E assim, porquanto possa em nobre altar,
O tanto que por certo moldaria
A face mais sutil da fantasia,
O verso nos impele a caminhar.

E assim, numa semente germinada,
Aonde se imagina houvera nada,
Uma eclosão de luz se faz presente,

E mesmo quando em ossos resumido,
O canto, ainda assim será ouvido,
E a morte sendo morta, plenamente...

Marcos Loures


O destino da morte é ir pro “sal”!
Ela não vai durar, garanto, amigo!
A Poesia sim é eternal
E para mentes nobres, doce abrigo!

És um Quixote ímpar, sem igual
E nesse versejar, trazes perigo
A todos que persistem no ideal
De não rimar, dizendo: “não consigo”!

Essa modernidade é até bem vinda,
Mas que nunca nos falte c’o respeito
Porque de fato é duro e tolo pleito!

Não querer aprender à mente blinda
E torna essa ignorância a sina infinda
Abrindo para a morte o farto peito.

Ronaldo Rhusso


Em nome do que seja modernismo,
Soneto se destroça, rudemente,
E o que deveras vejo e em dor se sente
No fim se apresentando em cataclismo,

Mesmo Drummond, Bandeira, sem cinismo,
Seguiram velhas regras, claramente,
Quintana também mostra este evidente
Caminho sem o qual, volátil, cismo.

Porém os ditos neo-sonetistas
Que aqui, ali, além; aquém avistas,
Num sintoma cruel de incompetência

Ou mesmo de preguiça, não sei bem,
Milagres no vazio sempre vêm
E, pior, nunca admitem a evidência.

Marcos Loures


Não liga! São somente uns coitados
Que tentam percorrer nosso caminho
Sem atentar que são desafinados
Mas precisamos dar-lhes um carinho...

Que não se sintam, eles, rejeitados!
O poço onde bebemos é pertinho
E lá, eis, poderão ser saciados
Ou afundarem em vão “talentinho”!


Querer não é poder, disso sabemos.
Mas tem quem não consiga crer, que pena!
Será que têm a alma tão pequena?

Vai ver só loucos creem no que cremos.
Se for verdade, amigo, o que faremos?
Derramaremos mais poesia plena!

Ronaldo Rhusso



É como respirar, tu sabes bem,
A poesia doma e a gente segue,
E a vida de tal forma assim prossegue
Ainda quando a sorte amarga vem,

Poreja em cada verso, o que contém,
E na alma este cenário além navegue
E mesmo que decerto o brilho cegue,
Na luz o quanto sei e nos convém,

Ousar acreditar e ser feliz,
Ao tatearmos tudo o quanto possa
Trazer esta certeza viva e nossa,

Do mundo que nos sonhos, tanto quis,
Sendo inerente a voz em consonância
Espero que traduza ressonância.

Marcos Loures


A ressonância eu já ouço, feliz!
À consonância que nos une em versos
A própria natureza pede bis,
Pois sente-nos, em recriar, imersos.

Mesmo que fôssemos assaz dispersos
Num rabiscar a vida toda em giz
Assim qual fiz em versos, que, inversos
Mostra o Soneto em um outro matiz!

Percebo o desagrado intolerante
Do tipo que jamais eu percebi
como se eu fosse tolo, mas me ri!

Amigo é sempre bom e estonteante
Compor contigo e espero doravante
Continuarmos. Hoje encerro aqui!

Ronaldo Rhusso

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Estrela 
de nome amor!

Lembrei de Adão e seu pleno poder de escolha...
Por que morrer com Eva se foi ela quem errou?
Mas eis que a razão já não podia explicar.
E o lindo Paraíso não faria mais sentido...
As vidas desses pais estavam tão entrelaçadas!

O bravo Lampião vivia com seu braço forte.
Há mesmo, até, quem diga que a mente era ela!
Pra que morrer assim, me diz, ó moça tão bonita?
 Pra que perder linda cabeça invés de esperar em casa?
As vidas desses bravos estavam tão entrelaçadas!

Pensei em te deixar, seguir de encontro ao infinito.
O plano era certeiro e minhas malas eram prontas...
Doeu-me teu chorar e comovido dei o grito:
Permite, ó Eterno, que eu fique um pouco mais!
Pois eu e a poesia em entrelaço nos casamos...
Eu vi meu nome e o dela
cravejados numa estrela
denominada
amor!




Dominou Números




Inverso ao vinte e quatro
Achou-se em dezessete
Amando a mil por hora
Veloz e por inteiro...

De vinte a dezesseis
A queda foi real.

Andou bem só com dois
Até rolar em quatro.

Três dias e três noites
Ressuscitou, morreu,
Inverteu sem querer...

Do um já não sai mais.

Ronaldo Rhusso


domingo, 9 de outubro de 2011

Outro de amor...






Realidade...

Sei que anjos veem distante,
Mas cadê que eles se enxergam?
E quando suas asas vergam
Pode haver ser mais massante?
Não suporta um rasante...
Já não pode proteger
A si mesmo ou outro ser,
Pois com fim já decretado
Vai definhando calado;
Vai morrendo sem morrer.


Anjo velho e imprestável
É enfado ao Universo!
Antissocial, disperso
Do real. Que lamentável!
O passado, memorável,
Fica até envergonhado!
Fica desmoralizado
Pelo atuar escasso
Coroado de fracasso
Digno de ser lamentado...


Sobe frágil a montanha
E o olhar fica perdido
Fixo em algo já vivido:
Em uma antiga façanha
Que foi grande, foi tamanha
A ponto de ser lembrada,
Mas que já não vale nada
Porque sabe em seu eu
Que passado é pra museu
E pra alma amargurada...


Homem Raio envelhece
E se torna olvidado.
Sabe que ser rejeitado
É algo que lhe acontece
Porque de fato merece.
Sabe que não tem futuro
E que mesmo sendo duro
Escutar o coração
A dizer-lhe um outro não
É melhor que um sim escuro...


Resta-lhe olhar pra frente
Porque ele ainda tem brio
E encara a sangue frio
Sua condição recente,
Pois se é anjo é decente
Mesmo velho e dispensável.
Anjo é sempre um ser amável
E consegue até sorrir
Do inútil existir;
Tem um humor invejável!


Quando declarou amor
Uma ou outra vez na vida
Foi um sentir sem medida
Cheio do mais puro ardor
Do tipo que dói sem dor!
Para toda uma existência
Amar e com excelência
Duas vezes é tão raro
Que para encerrar declaro:
É uma linda experiência!



Ronaldo Rhusso

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

SÁBADO DO SENHOR



Sinto o conforto de ímpar avanço,
Árvore plena de paz e bonança;
Bênção perene de amor e esperança
A quem deseja um perfeito remanso.
Dia que D’us separou pro descanso,
Onde deixou digital qual herança
Do Seu exemplo que hoje me alcança
Oh! Descansou também Ele, afianço!
Se não se cansa por que descansou?
Eis que não pede se nunca cumpriu
Não é tremendo Esse D’us que fruiu
Halo suave de pausa que armou
O refrigério que eterno tornou?
Riam, ó povos, findou labor vil!

quarta-feira, 5 de outubro de 2011







Watch Out!

Nos tempos de criança era feliz;
Foi no que cri até esse momento...
Mas lembro de um colega pobre, insento
Do mínimo direito e em meu país!

Se morro um pouco antes, por um triz,
Eu não repararia que esse vento
Também viu gente sem o alimento
E eu com tanto aqui, burro, nem quis...

Felicidade tu és um engano!
Agora sinto toda a dor do mundo
E me corrói no ponto mais profundo!

Estamos já no fim de mais um ano
E sei que existe ser que, tão insano,
Nem vê que não amou... Desceu tão fundo!

Ronaldo Rhusso

segunda-feira, 3 de outubro de 2011





Desisti desse sonho...


Fui ao centro da terra que existe em meu ser delirante.
Num rompante deixei-me explorar cada veia!
Vi que a teia de vasos brilhava em degradê.
Cada por que fui deixando para o ontem perdido...
Surpreendido com meu sangue misturado a letras,
Vi borboletas de células que assinalavam
Textos que se formavam em neurônios abusados,
Deixados à própria sorte, num ritual de morte ao enfado
Causado por cada fonema usado  em tema massante.
Fui grimpante dependurar-me em forte fibra muscular
Permiti-me descansar embalado pela bomba de cárdio;
Em reflexo de sárdio bronquial, meus olhos feri.
Nem percebi meu despertar, e, de sonhar, resolvi desistir...



Ronaldo Rhusso

sábado, 1 de outubro de 2011





Desce o Sol atrás do monte...

Eis mais uma semana a iniciar
E quais serão as lutas dessa vez?
Percorre-me arrepio em alva tez
E lembro que preciso me bronzear...

Ao menos é o que dizem, mas teimar
É uma desvirtude e Quem me fez
Deixou essa lacuna... Eis outro mês
Pra que eu corrija isso em frente ao mar...

O por do Sol foi quem anunciou
O início de outro dia, a parte escura,
E já que é outra semana a coisa é dura!

Esse Soneto, eu sei, que lhe “encucou”,
Mas digo que o melhor de mim eu dou
Com fins de edificar alma que é pura!

Ronaldo Rhusso

SOCIALIZANDO....



Existem diversas iniciativas que disponibilizam e-books gratuitamente em diversos idiomas, inclusivamente em língua portuguesa (como é o caso do Projecto Gutenberg).

... e existem projectos que visam a criação desses mesmos e-books.

Sou coordenadora um projecto de voluntariado literário, que visa a revisão de texto OCR (texto opticamente reconhecido pelo computador) por voluntários, a partir de imagens digitalizadas, para disponibilização de obras em língua portuguesa no domínio público em formato de texto. Toda a revisão é feita página a página, na Internet, sem necessidade de download de programas especiais.

Contamos actualmente com 325 voluntários lusófonos espalhados um pouco por todo o mundo.

Este trabalho voluntário possibilita o acesso de forma gratuita e livre às 516 obras existentes actualmente (disponíveis em http://gutenberg.org/pt -- Projecto Gutenberg). Somos actualmente o 7º idioma com mais livros disponíveis.

Os ficheiros finais, resultado da revisão, encontram-se em texto codificado ISO-8859 e são "legíveis" pelos computadores de pessoas com deficiência visual, que interpretam os caracteres e os "lêem". Actualmente é feito um esforço para criar uma versão extra em html para tornar a leitura mais agradável.

Toda a divulgação do projecto é bem-vinda.

Sítio do projecto:
http://pagina-a-pagina.blogspot.com

Estou disponível para esclarecimentos adicionais.
Cumprimentos,
Rita Farinha