Fragmentos da Géssica
Menino (Editora TAUP [Toma Aí Um
Poema] – 2022) me chegou às mãos num
momento onde as muitas pausas a fim de refletir por estar vivo, apesar de ter
contraído o vírus da Covid19 duas vezes, tem sido lugar comum na minha
existência e, sinceramente, estou escrevendo essa Resenha muito por causa da
forma cativante com que a autora descreveu 105 pequenos fragmentos desse
período angustiante para a Humanidade (refiro-me aos humanos, mesmo, não incluo
os bípedes desemplumados e despidos desse abstrato ao qual chamamos de amor).
O
livro é leve no sentido agradável de contar poeticamente (essa talentosa
escritora empregou uma carga filosófica muito significativa nesses fragmentos)
de forma que demonstra um olhar puro, cheio da realidade sentida e, com
certeza, embebido de uma clareza que muitos de nós não tivemos ou não teríamos
se quiséssemos relatar fatos que servirão como Documento para a posteridade
acerca desse troço chamado Pandemia.
O
Prefácio do Nicolas Pelicioni aborda em si os fragmentos numa quase definição
do livro e eu o pulei de propósito para ver se concordaria ao conferi-lo apenas
no final da leitura e esse meu exercício estranho, mas bastante contumaz, me
levou a crer que o Pelicioni deu uma versão muito interessante da alma poética
da Géssica, me fazendo pensar um tanto mais no jeito gentil que ela usa para
abordar o corriqueiro com sobriedade e com a sutileza dos que usam a Cronologia
de forma benéfica para tornar o livro não somente agradável, mas, sobejamente
instrutivo.
No
fragmento 2 – piolhos – eu fiquei
pensando nessa fase que é capaz de a geração atual desconhecer, mas que nós,
pelo menos eu, vivenciei... As mães chamavam os filhos, assentava e nos punha
entre as pernas protegidos, aconchegados e passavam a examinar cada ponto de
nossas cabeças em busca desses parasitas que nos sugavam e que nos ensinavam
que o verbo compartilhar indiscriminadamente é muito mais antigo que o costume
internauta. Passar piolho era uma demonstração de proximidade que a Pandemia
“deletou”. O cuidado das mães passou a ser quase desnecessário nesse sentido e
o vírus da morte bloqueou uma antiga tradição de estar grudadinho em quem se
ama...
Cada
Feriado, data festiva ou especial mencionada escorre pelas páginas sendo que os
fragmentos se tornam uma unidade de, por assim dizer, catalogação importante e
necessária de fatos, receios com misturas de outros sentimentos sob os quais
nos identificamos e, ainda bem, que nas encruzilhadas dessas Redes Sociais eu acabei
cruzando com essa autora a quem admiro e que me fez ver como é bom a gente
conhecer gente, cujo toque em nossas vidas é de “gente”, mesmo!
Escolher
o fragmento 47 para ilustrar a
contracapa foi um toque magistral, pois ali estão questionamentos muito
pertinentes e as respostas, creio eu, estão dentro de cada um de nós
sobreviventes dessa guerra que não escolhemos travar e, sinceramente, eu
recomendo essa leitura a todos que gostam de ver verdades sob um olhar diverso
em Crônicas Poéticas que nos fazem pensar na posição que ocupamos nesse planetinha
azul... Quem é você? Venha se descobrir nesses Fragmentos da Gessica Menino!
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