"INFÂMIA"
(Lílian Maial & Ronaldo Rhusso)
I
A mesquinhez do tolo é fé notória,
Que nasce de uma fonte inesgotável.
Enquanto encontra colo no execrável,
O mal preenche as páginas da história.
Qual corpo amordaçado e sem memória,
Tão forte, embora um tanto lastimável,
Caminha o povo ao pé do abominável,
Com tintas de justiça meritória.
A venda que esse monstro manuseia
É mais cruel que a trama de uma teia,
Urdida no silêncio que consente.
E assim, ganhando forças, segue o cão
Crescendo nas entranhas da opressão
E no bocejo de outro irmão silente.
II
Pois é! A mesquinhez em nossa História
é coisa antiga e vem da verve humana
de gente que, das coisas ruins, se ufana
e embebe o ser na podre e impura escória...
Ser mal no mundo é algo como glória
pra tantos que cultivam alma insana
do tipo que vê fome qual bacana
amostra dos sem “vida meritória”!
O monstro, amiga, é muito idolatrado
em meio a portadores de ideais
tão baixos, pois que são irracionais...
É triste ver “cristão” empoleirado
no colo do capeta e, qual criado,
odeia e repudia seus iguais...