terça-feira, 2 de outubro de 2012

Dossiê...





Outro luzir dissonante em trevas d’alma
Achou de tecer o ângulo descrente
Desse lampejo indolor que cresce e envolve
A tempestade encoberta em sonho e dor,
Sob a esperança encontrada na semente;
Sob a dureza encerrada em corações
De outros sepulcros caiados, adornados
Pela aspereza do caos que é iminente;
Pela grandeza do nada a se espalhar
Lá no horizonte perdido e inconsequente...

Outra manhã de descanso já cansada
Pelo pecado inserido em mente insana,
Onde o entregar-se a delírios desconcerta
E me permite checar o eu que eu tenho
Para encontrar novamente a origem: pó.

Outro poema insosso, gris, inválido.
Outra lembrança encravada em mero alívio
Que proporciona o infinito e despe o mal.

Outro olhar para as ondas e entender
Que não há pranto que molhe e irrigue a terra
Onde pisou a Poesia... Eis que essa é santa,
Mas tem as flores estranhas, inodoras,
Cujas opacas, disformes, feias pétalas
Mostram que o tom já nem é o tom sublime
Que despertou ser humano em outro Sábado
Em alvorada de luz que era bem vinda.

Outro monóstico algures tinto e findo...

Ronaldo Rhusso


 

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Percurso...





Déles todo o mal que há em mim... Que me condena;
Fazes muito mais que eu mereço e me comoves;
Moves céus e Terra pra mostrar quanto me ama;
Clamas bem baixinho em meu ouvido por afago...

Quando entenderás que sou volátil e sem massa?
Nunca sentirei mais que euforia ou o que valha
É o que me esforço para crer sobre mim mesmo,
Mas sou pura chama de amor tenso e me espalho...

Vem! Vamos tentar a outra chance, a outra porta!
Essa cujo nome evoca mais que a esperança
E que não se importa de passar por derrotada
Mesmo que a derrota seja cálice bebível...

Ouça! Eis que o som da Primavera agora é fato!
Tudo já conspira em favor de nova sina.
Deita e me abraça, pois o frio quer nos tentar
Por saber que juntos nada pode nos deter.

Digo que essa lágrima tem tons de alegria.
Vejo que teu gosto ainda é doce e me sustenta
Como se os dias nem tivessem nos cansado.
Amo e muito mais do que amei lá no passado...

Ronaldo Rhusso


 







quinta-feira, 27 de setembro de 2012

A mim mesmo... (e a ti, se quiseres)




Sou aquele cara que comove-se com tudo...
Seja com a água que, gelada, traz-me vida,
Seja com o vento franco e frio que me estremece.

Sou aquele vate que se esconde de vergonha
Pois vê Poesia no sussurro da rotina,
Mas vê na retina de pedantes pouco ou nada...

Sou só viageiro nesse mundo lindo e rude;
Sou o que alude verso pobre e escancarado
Só pra não dizer que ama o ontem que doutrina...

Sou Ronaldo Rhusso e me conheço algumas vezes;
Sou um beija flor e ela treme – tíbias lindas –
Quando um beijo toca-lhe nas pétalas macias...

Sou quem não se dobra a essa dor que apavora;
Sou o que lá fora ainda vê a esperança...
Sou essa criança que deleita-se em teus pomos..

Sei falar de céu azul, de lua prateada;
Sei falar de Sol fulgente eu sei falar da noite,
Mas sou eloquente quando falo, assim, de nada...

Ronaldo Rhusso