terça-feira, 18 de dezembro de 2012

A olhos vistos...





Eu gosto da mudança repentina
do tempo que me abraça e eu envelheço...
Eu sorvo da amizade todo o apreço;
colhendo dela a flor que é paulatina...

Divido-me em seguir a velha sina
e não me lamentar por alto preço
que deverei pagar, pois eu mereço
no máximo dobrar mais uma esquina...

Em cada Estação vou percebendo
 a lógica em não ser ser duradouro
e caminhar solene ao morredouro...

Como o sorvete que ora estou sorvendo
que pouco a pouco vai se derretendo
o meu sabor se esvai, me oxida o ouro...

Ronaldo Rhusso

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Natal, não é?





E tu, papai noel, cheiraste o que?
Os jovens, de manhã, chuparam lata
e sabem que essa  merda sempre mata,
mas, escravos, eis, são! E alguém os vê?

Zumbis que aguardam morte sem por quê...
Mas deixa que é natal, festa da nata
que conta lucros seja em ouro ou prata
e tem quem nessa bosta ainda crê...

É revoltante ver gente morrendo
e tantos consumindo sem igual,
qual quer a nova ordem mundial!

E o mal, terrível, mais e mais crescendo
enquanto esse meu crítico vai lendo
e passa a crer que eu sou um anormal...

Ronaldo Rhusso

Arcaico ardor, amor e dor...


Não vi o amor que dizem-me ter feito...
Não vi a dor sentida por ti, musa!
Nem sei por que razão o olhar me acusa!
Jamais reivindiquei-me ser perfeito...

A ênclise apossa-se e o desfeito
nem é por não temer-te, alma confusa!
E sim por entender que a vida abusa
de quem se esmorece e é imperfeito.

Tu queres me roer além da conta?
Não vês que a dureza é a metade
que mais tem força em mim? Sim é verdade!

Metade frágil é em mim a ponta
dessa delicadeza que desponta
e logo morre... Oh vida em brevidade!

Ronaldo Rhusso

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Gracias, Jesús!




Componho uma outra Ode ao Soberano
porque me descomplica a vida, a saga,
e toda a desventura em mim apaga
arando a minha terra com Seu plano.

Eu sei que há algo bom no desengano,
pois vejo que sorrir demais estraga
o percorrer da luz da Mão que afaga,
embora alguns me vejam qual insano...

Senhor, Tu que pendeste num madeiro,
não deixes que me estribe no meu “eu”
e seja como um velho epicureu.

Todo o filosofar é passageiro
e Tu que a nós Te deste por inteiro
estendes Tua mão mesmo ao ateu...

Ronaldo Rhusso


E muito!


De vez em quando eu vejo aquela cena
que nem vivemos de tão ocupados
em enviar, em versos, vãos recados
e sinto nada menos do que pena...

Poeta é bicho besta, pois encena
a solidão e o medo de viver
por não ter o melhor para fazer
e tece história escura qual ravena.

A experiência nunca nos diploma
e o ardor que já sentimos se corrói
porque sem alimento a sí destrói.

Dificilmente o amor da gente soma
e em profusão ressente; entra em coma,
pois a felicidade também dói...

Ronaldo Rhusso