I
A dor que me devora a
alma, tudo...
É nada se comparo à
estultícia
do dar-se a emergir
na imperícia
que só o relembrar me
deixa mudo...
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Esforço-me a buscar
por um escudo...
Fingir que o pesadelo
é uma delícia,
mas minha mente não
tem a malícia
e em versos tristes
logo me desnudo...
Oh! D´us por que não
cresço e me controlo?
Por que me deixo agir
como um vil tolo?
É certo que agi mal e
com dolo...
O Mal é lama e, nele,
a alma atolo.
Se vem qual
precipício dele rolo
e nem o arrepender me
traz consolo...
II
Navego em mar bravio
e, sei, sem rumo.
Sou nau sem cais por
livre e própria escolha
e sinto-me quedar-me
como folha
sem vida e a mim
mesmo, podre, estrumo.
Preciso vigiar ou me
acostumo
a não poupar, sequer,
última bolha
de ar e obrigar que
meu ser colha
a morte, em vida inútil
e sem prumo.
Espero que a metade
que há em mim
suporte ainda mais
esse meu erro
que a arrasta
rudemente ao vil desterro!
Decerto isso é mau e
intento o fim
pra esse existir que
é, sim, ruim
e que carece urgente
de um enterro.
III
Deixei-te, ó cidade
que me amou!
Mas eu voltei porque
D´us é fiel
e quando quer salvar
delega ao céu
dizendo: “Raios, Meu
filho clamou”!
Então Raios alados,
dos quais sou
leal cooperador, me
trazem mel
delindo esse sabor de
amargo fel
que em meu palato véu
se alojou.
Foi tudo uma questão de certa espera
porque fui eu, de
fato, que escolhi
a prova que sorvi, amarga,
ali.
A gente quebra e
D´us, sim, recupera
e logo que venci mais
essa fera
retornei rindo, ó
linda, para ti!
Ronaldo Rhusso
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