sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Carta de amor...



Hoje eu vi que você já não é mais
A criança mimada que eu criei
Derramando poemas sobre seu
Relicário mental, castelo lindo!

Hoje eu vi que teu corpo não é mais
Confusões hormonais, nem trivial.

Onde aquela menina se escondeu?
Onde o riso de Lua deu lugar
Para o riso de Sol que faz tão bem
E que faz o arrebol se iluminar?

Quero tanto que sejas mais feliz
Do que a mera palavra quer dizer!

Quero tanto que o tempo que sorri
Não derrame uma penca de ilusões
Sobre a mente que ainda não cresceu
E que sonha com o azul de lá do céu...

Hoje eu tento não ser mais seu herói
Porque sei que meu super ser morreu
E não poderá mais lhe proteger.

Quando o vento ruim lhe assustar
Lembra tudo que um dia lhe falei.

Lembra como você se aborreceu
Porque eu quis lhe contar que o mal é fato.

Lembra que eu lhe fiz dormir mais cedo
Quando cada sermão durou demais,
Mas não deixa seu riso se perder
Co’a investida de quem não lhe faz jus...

Eu lhe amo e bem sabe que nem sei
Demonstrar... Como sempre, até, tentei.

Não esquece que estou ainda aqui
Para dar minha vida por você...


Ronaldo Rhusso
Rep.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Jovens...





A tez que é tenra e toda luzidia
aventa a alma alegre... Eis juventude!
Quem há de perceber a amplitude
da força que eles têm; da ousadia?

Pro jovem sei que nunca é tardia
a chance de mudar da quietude
pra luta justa em busca da virtude
que enleva a alma e faz valer o dia!

Importa que essa prole trame e vença
a fim de que a miséria do passado
não volte e seja só algo impensado.

Eu quero a juventude em desavença
com tudo o que é feio e que convença
a todos de que o Mal é ultrapassado.

Ronaldo Rhusso


 

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Dossiê...





Outro luzir dissonante em trevas d’alma
Achou de tecer o ângulo descrente
Desse lampejo indolor que cresce e envolve
A tempestade encoberta em sonho e dor,
Sob a esperança encontrada na semente;
Sob a dureza encerrada em corações
De outros sepulcros caiados, adornados
Pela aspereza do caos que é iminente;
Pela grandeza do nada a se espalhar
Lá no horizonte perdido e inconsequente...

Outra manhã de descanso já cansada
Pelo pecado inserido em mente insana,
Onde o entregar-se a delírios desconcerta
E me permite checar o eu que eu tenho
Para encontrar novamente a origem: pó.

Outro poema insosso, gris, inválido.
Outra lembrança encravada em mero alívio
Que proporciona o infinito e despe o mal.

Outro olhar para as ondas e entender
Que não há pranto que molhe e irrigue a terra
Onde pisou a Poesia... Eis que essa é santa,
Mas tem as flores estranhas, inodoras,
Cujas opacas, disformes, feias pétalas
Mostram que o tom já nem é o tom sublime
Que despertou ser humano em outro Sábado
Em alvorada de luz que era bem vinda.

Outro monóstico algures tinto e findo...

Ronaldo Rhusso


 

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Percurso...





Déles todo o mal que há em mim... Que me condena;
Fazes muito mais que eu mereço e me comoves;
Moves céus e Terra pra mostrar quanto me ama;
Clamas bem baixinho em meu ouvido por afago...

Quando entenderás que sou volátil e sem massa?
Nunca sentirei mais que euforia ou o que valha
É o que me esforço para crer sobre mim mesmo,
Mas sou pura chama de amor tenso e me espalho...

Vem! Vamos tentar a outra chance, a outra porta!
Essa cujo nome evoca mais que a esperança
E que não se importa de passar por derrotada
Mesmo que a derrota seja cálice bebível...

Ouça! Eis que o som da Primavera agora é fato!
Tudo já conspira em favor de nova sina.
Deita e me abraça, pois o frio quer nos tentar
Por saber que juntos nada pode nos deter.

Digo que essa lágrima tem tons de alegria.
Vejo que teu gosto ainda é doce e me sustenta
Como se os dias nem tivessem nos cansado.
Amo e muito mais do que amei lá no passado...

Ronaldo Rhusso