segunda-feira, 17 de setembro de 2012

VISIGODOS


O vento declina ou ensina
Que os jovens são fortes
E pintam as portas
Desse outro universo
Que as cãs não percebem?

O vento é amigo do tempo,
Mas sempre esfaqueia
Por achar bonito
O sangue escorrer...

Tranquilo nem nobre Ermitão,
Pois mundo é imundo e não sabe brincar!

Desato a sorrir:
Eis  bárbara força
que vem lá do Norte outra vez...

Na tez esse brilho colado
E a tristeza no id que, indecifrável,
Demonstra a nobreza que a idade revela...

E as cãs?
Só um triste arremedo
Da sabedoria outrora excitante,
Mas morta de medo de ver
Que o passado se ri lá de trás...

Ronaldo Rhusso


Sem saída (No Quater)


Exalo o olor dessa tarde
E sinto que a chuva está perto!
Quem mora em encosta, um perigo:
Vem chuva severa, eu alerto!

Começa a juntar o que vale
Suor derramado ou se cale.

As águas virão pra lavar
As almas, pecados e sonhos...
Virão como vem tenso mar!

Desfaz-se o que era aspereza!
Resposta da mãe natureza...

Ronaldo Rhusso
http://www.youtube.com/watch?v=_ZnmpuyaZI8

domingo, 9 de setembro de 2012

MOUNTAIN VIEW


 
Mesmo que eu soubesse desvendar
O segredo teu (fosse eu vidente),
Um sinal qualquer, algo evidente,
Não me ajudaria e o olvidar
Tudo a mim seria um muro ardente...
Ah! Eu sei rimar dor com sorriso
Ih! De fato é esse Sol brilhante
Nada redundante... Ó, céus! Que lindo!

Vejo – olhos fechados – a montanha...
Intimo pensar me vem: “-Tu Sol
Em terno silêncio que a ti banha
Win myself, to break my old wall”!

Ronaldo Rhusso


quinta-feira, 6 de setembro de 2012

AOS PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS...


REFLEXÕES DE UM REFLEXO - HOMENAGEM


Tenho olhado no espelho
E esse moço me diz coisas!
Diz que os nomes que me dão
Não condizem com minh’alma.

Digo: “-Calma, bom amigo!
É comum à raça humana
Dar um rótulo ao complexo,
Criar “Nick” ou o que valha
Numa tola tentativa
De mostrar vã empatia”!

Era “inválido” outro dia
Quem nascia diferente
Ou por causa de acidente,
Ou sinistro intencional
Fosse bastante tolhido
De fazer o que é comum.

Mas “inválido” o que é
Senão algo sem valor?

“- Ah! Espelho, eu sei que valho,
Mas pra que discutir isso
Com pessoas renitentes
E que curtem trivial”?

Decidiram que mudar
Sanaria essa questão
E eu virei “deficiente”
Mesmo produzindo mais
Que os normais, tão descansados!

É sem graça essa piada,
Pois me sinto “eficiente”
Seja em verso, seja em prosa,
Seja amado com ternura;
Ensinando sobre a vida
E encantando uns corações!

“ – Deixa estar, querido espelho”!

Mas qual foi minha surpresa
Quando li “Pʹ ÊNE² ɳ”
Num polido Edital,
Dos que propalam Concursos!

Claro que sou curioso
E fui logo investigar
A razão das três letrinhas!

Descobri que, agora, sou
¹PORTADOR – mas ora essa! –
D’algumas ²NECESSIDADES
Tidas como ³ESPECIAIS!

“- Será isso alguma praga,
Ó espelho camarada”?

Será que mudei assim?

Se eles mudassem o mundo
Sem a muito divulgada
NOVA ORDEM MUNDIAL
E lembrassem que as escadas
Já são coisas do passado!
Rampa é muito mais saudável,
Mesmo para irmãos normais,
Desses que mui trabalharam
Para o bem dessas nações
E olhassem para nós
Sem a pena no olhar
E sem triste pré-conceito
Que é doença das mais graves...
Já seria um bom começo;
Prova da “evolução”
Disseminada em escolas.

Mas tem gente que “povoa
Altas árvores”, ainda,
E ao poeta sobre rodas,
“cadeirante” – outra maldade –
Resta derramar-se em tenra
Poesia e rir da vida!


Veja o vídeo:
 http://www.youtube.com/watch?v=4zfhc8Dolus