sábado, 5 de janeiro de 2013

Mais tarde? Impossível!

Minha pressa é em função do morredouro
que traga a minha fome de dormir
nos braços de Quem fez-me... Apogeu!

A fé se esforça pra ir de mansinho
e fico preocupado porque ela
tem pressa de deixar a esperança
na podridão da orbe condenada.

Depressa deprecio a dor teimosa
que pensa que terá minha atenção
apenas porque sou assim tão fraco
a ponto de negar que apresso o passo
aquém do que professo ser, de fato,
nesse conflito cósmico real...

A pressa me apressa e apresso o verso
enquanto o meu caráter endurece
e não me resta nada a não ser crer
que aprendi da forma mais covarde
que a a tarde dura menos que a euforia...


Ronaldo Rhusso



 

Ainda retrancada...


Tentando vencer a batalha
O muro que encontro é gigante
Enquanto sou só um menino
Deveras pequeno, um infante...

Por que tu me fazes sofrer
Se és minha vida a valer?

Talvez te transmutes já tarde
E não seja a tempo de ver
Secar o que escorre-me e me arde...

Vai ver é só sonho essa vida
Que tranca depois que convida...

Ronaldo Rhusso



 

Tardiamente...

Outrora amei a tarde e tarde percebi
que falha, sim, quem tarda a descobrir que é tarde!


Manhãs são tão distintas
quanto o são as tardes
e passam repentinas
fundindo-se nas tardes.

E as noites? Ora, as noites
se fundem em madrugadas
e viram manhãs quase
desnecessárias, breves
e sempre, enfim, tardias...


Ronaldo Rhusso



 

Cada um em sua desgraça própria...




Qualquer que seja o seu ponto de vista
merece meu respeito e o meu calar.
Mas mesmo merecendo o respeitar
o meu agir em muito disto dista!

Respeito a posição de andar pra frente
porque andar pra frente é mais seguro
e evita, dando ré, bater no muro
da hipocrisia, mãe de muito crente!

Da onda cai quem visa ir na crista
equilibrando o céu ao arrotar
sardinha quando quis o caviar...

Não vejo mal em quem é diferente
ou em quem tem o peito muito duro
e não quer evadir-se do escuro...

Ronaldo Rhusso



 

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

A olhos vistos...





Eu gosto da mudança repentina
do tempo que me abraça e eu envelheço...
Eu sorvo da amizade todo o apreço;
colhendo dela a flor que é paulatina...

Divido-me em seguir a velha sina
e não me lamentar por alto preço
que deverei pagar, pois eu mereço
no máximo dobrar mais uma esquina...

Em cada Estação vou percebendo
 a lógica em não ser ser duradouro
e caminhar solene ao morredouro...

Como o sorvete que ora estou sorvendo
que pouco a pouco vai se derretendo
o meu sabor se esvai, me oxida o ouro...

Ronaldo Rhusso