Meu verso...

 Meu verso é banguelo e bem cansado; tem pouco cabelo, é barrigudo. Meu verso pranteia em quase tudo e canta sem pejo, mas errado por ser verso torto e desleixado. Meu verso tem metro diferente e sente demais, demais ressente os golpes que sente o rimador que foca bastante em belo amor e chora e se ri, sim, no repente...

Ronaldo Rhusso

Por do Sol? Ninguém reclama!

 

Lembrete....

Quatro centenas de milhares de corpos!

Um sacrifício ao maldito deus Mercado.

Muitos cadáveres e o bozo satisfeito

ri em seu gozo satânico e debochado...

Seu parente morreu e o demônio riu sem pejo

porque viu dele o CPF cancelado!

Odeio quase nada e o 17!

Em dias ruins como estes eu lhe vejo

com ar de santo(a) fingindo não ter culpa,

mas o Altíssimo viu você na Urna

e viu a urna com restos do seu pai.

Ronaldo Rhusso

Onde há real vida e progresso...

 

Paulo Freire

 Paulo Freire completaria 100 anos em setembro próximo...

 

Quando preso político, o Doutor,

recebeu um pedido inusitado:

ensinar a recrutas iletrados

com seu método muito inovador.

Porém ele falou sem ter rancor:

" - Tu não sabes, meu caro capitão,

que por isso é que estou nessa prisão"?

Seu legado é maiúscula Memória!

"Paulo Freire tem nome, tem história

e é Patrono da nossa Educação"!

 

Ronaldo Rhusso (Mote entre as segundas aspas do poeta Marconi Pereira de Araújo)

 

Pensando no mestre Valdir Teles...

  

Da desídia que assola essa nação

(eu pergunto me havendo vate reles)

cantaria meu mestre Valdir Teles

por quem eu tenho muita dileção,

esse bom torcedor do meu Mengão?

Questiono porque temos deixado

covardia demais como legado

e não há como ter melhor futuro

se nas horas difíceis sobe em muro,

“é” sem “ser” por viver acovardado...

 

Não terei, com certeza, uma resposta,

pois morreu o poeta cantador

que cantou para todos sobre o amor

e também sobre dor, mas com disposta

alma dada pro bem e ao mal oposta.

O maior cantador, sim, tinha lado

e cantava um Sertão muito empenhado

no existir pelo bem comum, eu juro:

se nas horas difíceis sobe em muro,

“é” sem “ser” por viver acovardado...

 

Cantador que alegrou a todo mundo:

presidentes, povão, quem recebia

os seus versos com ímpar alegria!

Cantador que tornava um só segundo

muitas horas de seu cantar profundo...

Se tivesse aqui do nosso lado

ergueria também a voz em brado?

Pois é parte dos ruins quem deixa furo,

se nas horas difíceis sobe em muro

“é” sem “ser” por viver acovardado...

 

Ronaldo Rhusso

Volteio da dança deitada!

 Volteio da dança deitada...

Dançam pais, avós e filhos...

Dançam todos infelizes;

Sem ares em seus narizes

Nesse mundo-trem sem trilhos,

Sem tons corretos, sem brilhos.

Dançam deitados nos leitos!

Esperneiam, inflam peitos...

Chamam por Deus e por santos!

Poucos ouvem os seus prantos;

Querem num céu ser aceitos...

Nós de fora e em outros cantos

Causamos mais desencantos

Espalhando os vis efeitos...

Desses vírus somos feitos!

Da saúde, os empecilhos!

Somos, dos males, gatilhos...

Somos nós as próprias crises...

Por sermos maus aprendizes,

Dançam pais, avós e filhos...

Ronaldo Oliveira "Rhusso"

Amar .

 

Maiores...

 

Poeta ou poetisa?

 Poeta não é definição de gênero, mas de estado de existência, qual observador em patamar mais elevado de sensibilidade...

Poeta já é verbete feminino! O artigo que lhe serve de núcleo pode variar, mas é como "praça", varia apenas o artigo e, muitas vezes é sempre a "praça", ainda que se tratando de militar masculino!

O termo poeta é mais bonito!

Cecília Meirelles não aceitava ser chamada de poetisa porque esse verbete é o feminino de poeta e discrimina a fêmea do poeta e não a portadora de Poesia....

E eu é que não vou discutir com a maior poeta brasileira de todos os tempos!

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

(Fragmento do poema “Motivo”, de Cecília Meireles)