terça-feira, 11 de março de 2014

Il Campanile¹


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A Torre condenada a nós testemunhava
na fria madrugada a ver nossos afagos...
Os corpos quase um quais se fossem colados!
Teu coração em ritmo assaz acelerado...

A Catedral lá atrás da Torre resignada
pendente em sérios graus nem via os abraços;
o quase sacrilégio, os toques, risos altos...
E o vigilante a ver, prendendo-se ao enfado.

Italiana linda e muito corajosa!
Sorriso a preparar pro caridoso dom
de emprestar ao Sol o brilho intenso, forte!

Assim que esse nasceu, de volta ao Miracoli,
deixamos tez com tez tolher teimoso sono
e embriagar por fora até jorrar no poço...

¹O Campanário

Ronaldo Rhusso

domingo, 9 de março de 2014

Anunciada...


Maiúsculo poema do submundo
da síntese cinética irrelevante
moldado em letras fúlgidas qual Dante
em seu inferno sórdido e imundo.

Torrente de palavras calam fundo
quando a quimera é ínfima, maçante
e apela pro telúrio inebriante
sob o cinéreo céu plúmbeo profundo.

As chuvas anunciam: vem a morte!
E quem clamou por frio vai ver na alma
a raiva, a dor sem cura a contra calma!

Eu vejo essa tragédia em grande porte
deixar atordoado a fraco e a forte
e o maldizer calor qual firme trauma...



Ronaldo Rhusso




#3 Balada...



Quero que você se mude pra dentro de mim.
Quero que você conheça o que meu eu contém...
Quero ser feliz no acaso, lá no fundo ou raso
quero ser seu bem...

Olha o alto da montanha!
Meu aceno é fato, mas você não vê...

Olha o Sol por trás de mim.
Tem o brilho farto e que nos convém...

Abre os olhos para mim; sai desse seu escuro.
Rompe o muro da incerteza e bebe o paraíso...
Abra mão desse seu siso, vem que lhe preciso;
sorve o meu ser puro...

Lembra como é meu carinho
que deixa molinho seu gostoso ser?

Vem com essa sua flor;
esse seu olor; céu que eu quero ter...

Ronaldo Rhusso



quinta-feira, 6 de março de 2014

Diálogo em Soneto

Eu vejo em ti pureza, não maldade,
em mim só há pecados, que tristeza...
Eu vejo o céu tão longe, sem certeza;
não me despi da minha vã vaidade.

Queria ser mais santa, de verdade,
sem "mas", "porém", "talvez", com mais firmeza!
Hei de deixar um tanto de avareza
para servir a Deus, Sua vontade...

No mundo, em tudo, vejo só perigo!
É tudo fútil, pouco se produz
ao carregar vaidades, não a cruz...

E tu, me abriste os olhos para a luz...
Por isso amo-te tanto, meu amigo!
Subir ao céu... Será que eu consigo?

Verônica



A força vem de D'us! Não merecemos,
mas Ele nos ajuda na labuta;
àqueles que não fogem dessa luta
e reconhecem: nEle, sim, podemos!

Não há por que temer, aproveitemos
a Porta está aberta e Ele escuta
as preces que elevamos e permuta
em perdão os pecados que nós temos.

Deixemos o efêmero, querida!
Jesus promete algo indispensável
e cumprirá. A nós é favorável!

Sintamos asco dessa tola lida
e vamos entregar-nos para a Vida
que Ele nos concede. Oh! D'us amável!

Ronaldo Rhusso

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Criatividade...



Nossa mente assimila essa beleza
que o humano é capaz de construir
com a Arte de tão bem esculpir
seja em verso ou em tinta: a natureza...

Vemos mundos em cores... Mais pureza;
também flores que estão a reabrir:
eis que nascem os versos do sentir
como os livros da própria (in)certeza...

O que cria é assim: uma metade
é razão sobreposta em emoção
já a outra é do feio a negação. 

Oh, que graça que é a liberdade
de mudar, por instantes, a verdade,
de criar, sendo a própria criação!

Ronaldo Rhusso & Verônica Miyake

Gesto de amor...


Diz a Bíblia que a vida está no sangue
e a ciência corrobora co’essa ideia.
Doam morte ao falar da vida alheia;
doam falta de respeito pelos outros;
doam verba pra políticos ladrões;
doam goles de cachaça pelos bares;
doam Sentinelas e palpites pobres;
doam ao grande Jeová fama de mau,
mas eu sei que é só loucura e desamor
quando nega-se a doar a esperança
que, palpável, salva o ser da morte certa.
Doar sangue é dar feliz do seu melhor

tal qual fez o Bom Rabino lá na cruz...

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Carapitanga...



Eu vejo o meu reflexo em teu espelho
de água qual se diz ser cristalina
que corre em certa pressa, certa sina
e aprendo uma lição, um bom conselho.

Apresso-me e de ti eu me assemelho,
pois tua pressa é justa e me ensina
que quem tem compromisso não declina;
completa sua missão, não dobra artelho...

Em teu percurso vês os ribeirinhos
que lavam corpo e alma nas correntes
geladas que refrescam tensas mentes...

Que pena te agredirem os mesquinhos
com seus esgotos, restos, desalinhos...

Cruéis algozes,  vis inconsequentes...

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Guerreiras...



Oh! Eu as vejo céleres, meninas,
buscando o pão, o vinho e o caviar;
buscando nessa vida, em gozo, dar
de si em doses brandas ou felinas.

Se seu ofício é das maiores sinas
há numas o orgulho e o gostar
de serem escolhidas pra deixar
no ar perfumes delas, messalinas...

Buarque disse serem quais falenas
bonitas ou cansadas dessa luta,
da lida diuturna, da labuta...

Se as funções não são das mais amenas,
e às vezes lhes dão somas mui pequenas,
repito que há quem goste de ser fruta.

Ronaldo Rhusso