quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Perguntas...

É meu passo tão ligeiro
que não vês a silhueta
Quando, em meio à pirueta,
te ofereço, assim, certeiro,
cada verso, por inteiro,
ao dizer-te: agora, prenda,
não te canses, reprimenda
é pra mim somenos fato,
menos ‘té que o desacato,
pois que sou difusa lenda?


É meu canto exagerado
tanto que te tome a fala
e assim como quem resvala
no auspício do passado,
mas que, frágil, deu errado,
rouba o fôlego, sobejo
d’outro dia de festejo
no qual tínhamos um plano
que era pleno e ledo engano
e te assusta nesse ensejo?


São meus sonhos só quimeras
tão menores que a violência
do negar-me a anuência,
tu, que sempre assim quiseras
mas me jogas cedo às feras
como quem perde a memória
esquecendo que a história
está dentro de tua mente
desejando, num repente,
relembrar de cada glória?


São meus versos desprezíveis
para que me negues vida,
tu que não tivestes brida
com desejos impossíveis,
mas pra mim sempre aprazíveis,
visto serem meu remédio
contra o vil e enorme tédio
nos momentos de loucura
procurando, em vão, a cura
que afastava o mau assédio?





É ou são? Tu me respondas
antes que me nasçam asas
e por sobre algumas casas
te procure como onda
que ligeira vai e sonda
o rochedo grande e duro
que parece mais um muro,
mas aos poucos vai cedendo...
Posto que esteja morrendo,
com mi’a luz acendo o escuro!

Ronaldo Rhusso

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Só ELE!

No trono do meu viver
Só reina um Ser que é mui digno,
Contudo eu nem sou condigno...
Sim, isso faz-me sofrer,
Mas sempre irei recorrer
Ao Seu bondoso socorro.
É triste, mas eu percorro
Por sendas e vales maus
E chego perto do caos!
Sem Ele é fato que morro.

Por que será que me ama
Alguém tão grande, tão terno,
Que faz Verão meu Inverno
E nada em troca reclama?
Nos meus deslizes me chama
E torna a mim novo, forro,
Pois eu “acordo” e recorro
Ao Seu perdão que não falha.
Não há qual Ele quem valha!
Sem Ele é fato que morro.


Não há amor forte assim
Capaz de se renovar
E que tem tanto p’ra dar
A quem busca ao próprio fim.
Não há qualquer bem em mim;
Do mal é que (ai!) decorro...
Pro Seu regaço eu escorro
Qual rio demais poluído
Que vai pro mar desvalido...
Sem Ele é fato que morro...

Ronaldo Rhusso

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Laudas

Porfia em torturar morna ventura
e apura o retrocesso algures posto.
O rosto, bela face, ó criatura
é pura imagem desse rei deposto...
Agosto escancarou a desventura
e a cura pr'esse sangue aguado, mosto...
Proposto suicídio, noite escura
e jura que o Torrão tomou por gosto.
Desgosto contemplar corpo caído
e tido como o mártir altaneiro.
Certeiro eu sei que foi disparo e raro!
Deparo com resquícios no anteparo.
E o caro persa sujo, camareiro?
Oh! Beiro essa mentira e eu hei sorvido...

Ronaldo Rhusso

domingo, 10 de outubro de 2010


http://img231.imageshack.us/img231/5973/e2th.jpg


Movimentos de quadris

Mulheres são profundas e inexatas
Aos olhos dos que enxergam vagamente.
Protestam como frágeis e recatas,
Mas passam seu recado fielmente.

Defendem suas causas como natas
Ness’arte de imprimir razões na mente
De quem acha essas leis normais, sensatas,
Que tratam os dois sexos diferente.

O senso periférico é notado
E buscam o apoio desejado
Olhando de soslaio os passantes.

Conseguem ser notadas e o ansiado
Desejo de mudança, o quanto antes,
Nas cores que as vestem triunfantes!


Ronaldo Rhusso

Cinzas vivas...

 Já deu pra ti por do sol e a vil demora!
 Eu quero a aurora gentil e que não mente; 
eu quero a hora febril, inconsequente, 
quero somente o escol que não devora. 

 Já deu pra ti lua nova que, lá fora,
 perscruta o quarto e invade o ser do ente 
e renitente e, embora ao tempo tente, 
se vê perdida e já sabe: vai embora! 

 Já deu pra ti sentimento que avassala 
que diz, que cala no fundo em minha alma! 
Já deu pra ti, já se foi de mim a calma! 

 Como se diz por aí "teu fim é vala"! 
Mas sete metros não dão para enterrá-la... 
És grande mala e ama-la é tenso trauma! 

  Ronaldo Rhusso
Dura demais!

Onde estás, ó verdade? Eu preciso saber.
Sai de mim, ó escuro! Hoje eu já te abomino.
Chega de só metade; é mister pro viver
que se quebre esse muro ou serei desatino!

Eis que em mim algo invade e nem é por querer,
pois de fato esconjuro esse mal e declino
o poder da vontade enrustida em beber
o teu âmago duro. Oh! Demais pr'um menino!

Mas não posso esconder o desejo latente.
Eu rejeito o destino, outro em quem nunca creio,
e me forço a descer lá pro fundo da fonte.

Já sem ar desafino e a verdade é torrente
a, letal, me envolver e na cara o permeio
é de tirar o tino. Ai, volta pro horizonte...

Ronaldo Rhusso

sábado, 4 de setembro de 2010

CELULAR SAMSUNG. NÃO COMPRE!

ESSA EMPRESA NÃO RESPEITA OS CONSUMIDORES.

RONALDO RHUSSO

domingo, 5 de abril de 2009

Graça

E envia a descarga, o luzir desse Céu...
E não resta labéu ou qualquer outra carga!
Há de dar à ilharga uma nova recarga
Onde a estrada mui larga, eis, será chão fiel!
Utilíssimo véu cobrirá todo o fel
E, assim, solidéu sobre essa lida amarga
Impedindo o que alarga ao sofrer e o embarga
Ao lhe dar sobrecarga em “amor fogaréu”!
Ora, eu sei que o papel do luzir é supremo!
E nas notas que fremo em cantar tremulado
Apresentam legado ao dar fim pr’esse enfado
Aludido em mau grado e “gozado” ao extremo!
Inda assim não mais temo e entoo num brado
“Esse estado alcançado a mim foi Dom deixado!”
Ronaldo Rhusso

domingo, 11 de janeiro de 2009

Flying High Again!


Estou vivo e eu espero outro voo, outra vez¹.

Minha tez até treme ao sentir que inda posso

Do destroço da alma ascender. Ai! Remoço!

Se eu esboço quieto, eis que digo a vocês:


Sensatez não povoa esta mente que é três

N’altivez por um sonho e por ele me coço!

‘Té já endosso contente: eu do céu me aposso!

Ele é nosso, mas vejo o azul, grã pavês!


Esse mês é propício a tranquilo voar.

Deixa estar, reinício! É, pra mim, mui gozar!

Esperar é difícil! Eu já nem me aguento!


É momento de auspício entre sonho portento!

Não intento armistício; Eu sou uno co’o vento!

Sei, atento, que é vício! Ah! Eu quero planar!




Ronaldo Rhusso








¹ O primeiro verso é do grande mestre sonetista Paulo Camelo.

Foi utilizado no tópico "Construa novo soneto Alexandrino a partir do último verso do soneto acima" do Forum do Recanto das Letras: http://recantodasletras.uol.com.br/forum/index.php?topic=4528.msg142433#new




Paradoxos II



Que reporte ao sertão: chuva, esteio pra vida!

Cada gota encantada em chão seco é mui festa!

Cada lata é enchida ao sabor que ela empresta.

Chuva santa e bem vinda a essa terra sofrida...


Se o que é qual castigo ao Brasil litorâneo,

Onde morros não são mais que vis armadilhas,

Onde pilhas de orgulho se isolam, quais ilhas,

Pro sertão é u'a Graça! É o melhor sucedâneo!


Ah! Torrente sonhada, és alívio pra lida!

És a prova que o chão sertanejo inda presta!

És o bálsamo vivo a inundar cada fresta...


Eu que vejo essa gente assim tão decidida

A plantar novamente e confiar sem medida,

Agradeço ao Eterno essa dádiva, gesta!






Ronaldo Rhusso