sábado, 5 de maio de 2012

Realidade...

(reloaded)


Sei que anjos veem distante,
Mas cadê que eles se enxergam?
E quando suas asas vergam
Pode haver ser mais massante?
Não suportam nem rasante...
Já não pode proteger
A si mesmo ou outro ser,
Pois com fim já decretado
Vai definhando calado;
Vai morrendo sem morrer.


Anjo velho e imprestável
É enfado ao Universo!
Antissocial, disperso
Do real. Que lamentável!
O passado, memorável,
Fica até envergonhado!
Fica desmoralizado
Pelo atuar escasso
Coroado de fracasso
Digno de ser lamentado...


Sobe frágil a montanha
E o olhar fica perdido
Fixo em algo já vivido:
Em uma antiga façanha
Que foi grande, foi tamanha
A ponto de ser lembrada,
Mas que já não vale nada
Porque sabe em seu eu
Que passado é pra museu
E pra alma amargurada...


Homem Raio envelhece
E se torna olvidado.
Sabe que ser rejeitado
É algo que lhe acontece
Porque de fato merece.
Sabe que não tem futuro
E que mesmo sendo duro
Escutar o coração
A dizer-lhe um outro não
É melhor que um sim escuro...


Resta-lhe olhar pra frente
Porque ele ainda tem brio
E encara a sangue frio
Sua condição recente,
Pois se é anjo é decente
Mesmo velho e dispensável.
Anjo é sempre um ser amável
E consegue até sorrir
Do inútil existir;
Tem um humor invejável!


Quando declarou amor
Uma ou outra vez na vida
Foi um sentir sem medida
Cheio do mais puro ardor
Do tipo que dói sem dor!
Para toda uma existência
Amar e com excelência
Duas vezes é tão raro
Que para encerrar declaro:
É uma linda experiência!




Ronaldo Rhusso





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