domingo, 4 de setembro de 2011


Rogo!

Esse opróbrio que torna o meu ser
Esfacelado por causa da dor
Que no meu íntimo queima a valer
Diz-me do mal que me faz pecador.

Oh! Eu preciso pedir: vens fazer
Desse mortal alguém digno do Amor
Que do Teu Trono permites correr
Para lavar-me, servir de penhor!

Mas, por favor, não desistas de mim
Porque preciso mudar totalmente
Desde o profundo da minha vil mente!

Se me deixares será o meu fim!
És a esperança, o meu tudo, és enfim
Quem poderá me salvar novamente...

Ronaldo Rhusso


sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Drama

Toda a fé é pouco em dó maior!
Urge a compreensão que faz a vida
abrir suas comportas para cura.
E o coração ferido e endividado
co'a esperança, praga imortal,
verá que o mundo é palco
e os artistas precisam encenar
com mui talento...

¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨

¨E foi mesmo!

Ah! Esses amores...
Esses dos quais são alvo o poeta...
Sim, o poeta!
Não o humano, porque poeta não é humano.
E eis que é a ele que elas amam e se derramam em sonhar...
Ah! Poeta de sorte!
Já beira à morte em tenra idade, pois felicidade é só virtual.
Se cada amor dissesse uma prece ao Deus do poeta!
Se cada amor banhasse esse vate com plenos desejos e a morte se fosse...
Esforça, poeta! A lua vem vindo, mas gozaste o sol e o amor te foi fato.


¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨


***
Certo de que o esperto olhar me enganou,
decerto, penso, irei para as masmorras da ilusão?
E por que não?
Que seja!

¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨

Fazer o que?

Gozosa ela desce outro degrau
a partir da costela que hei perdido
e distorce um amor que nem é fato...

¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨
¨Bufão I

Se voltei aos desvaneios
foi por medo de dormir;
foi por medo da manhã,
do chamado da raposa!

Se voltei aos cuidados
e às escritas;
aos poemas que nunca dizem nada
admito que foi por causa dela
e eu me sinto o curinga
que abomino...


¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨

Cada lágrima um verso,
cada verso uma saída
pra deixar que essa lembrança
não me deixe ir à loucura.
Cada sonho expirado
junto a ti que agora dormes
em terrível letargia...
Ah! Eu sei que sou volúvel,
mas sem ti sou coisa alguma
e não disse que te amo,
mas agora não mais ouves
e eu sou lixo irreciclável...


¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨

Diz

O que vês nesse olhar?
Ardor, a dor, amor?
A cor do lar de gente que se vai,
Pois está pronta pra esperar às Portas quem ficou mudo co’a partida?

O que vês nesse olhar?
O mar, um par de luzes tristes
Que nem mostram mais caminho,
Pois perdeu-se em vão atalho que não deu em lar algum?


O que vês nesse olhar?
Segredo, o medo do degredo que ora o cerca?

O que vês?
Fala! Eu imploro porque eu mesmo já não vejo nada...


¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨

Será que não?

As flores não deixam seus espinhos de fora por maldade.
Por maldade, de fora, seus espinhos não deixam as flores.
Seus espinhos de fora, as flores não deixam, por maldade.
Não deixam seus espinhos de fora por maldade, as flores...

¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨


Eu, hein!

Contas pra mim dos teus anseios
e eu nem posso recusar,
pois não faço parte deles;
sou só bicho de pelúcia.

Abre-te em sorriso reluzente
e eu nem posso te tocar,
pois sorris pro meu amigo;
sou só um velho cupido.

Choras mágoas desvairadas
e, enfim, queres meu consolo...
chora na cama que é lugar quente!


¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨

É assim.

O tento aludido
e o tempo passado.
Onde era um monte venci
só pra ver que a queda é maior
e o corpo suporta,
mas mente que manda
em cacos se finda.


¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨


À toa!

Tomei de assalto
um grito emprestado.
Estava mui rouco
pra manifestar
tod'esse improprério
que é justo demais!
Mas quem vai ouvir
se eu for lá do alto
em asas sublimes
dizer: Não gostei?



¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨
¨Pra que?

Vai e diz: ele sofre,
se entrega,
se toma,
se nega,
se vê enrascado e não quer mais voltar...

¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨
¨Tou indo...

Perco nada em pendurar mais um mocinho
que nascendo em parto puro vai sentindo
o cheiro podre desse mundo tão fingido!

Perco nada em demorar pra pra dar mais uma
tentativa de atingir a letra g.

Desconfio que é no bolso do casaco
que eu usei aqui na serra ontem cedo
onde esqueci minha carteira com migalhas
que o governo repassou pra mim de novo...


¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨

¨Fenixamente...

Junto nada, nem sou junco
que se dobra e não se quebra...
Peço nada, pois vergonha eu já perdi
e nem quero achar a tosca...
Bebo nada só o suco da goiaba
que é licor para a nobreza
e é pobreza pros com fome...
Deixo nada, só me deixo ser de novo
o poeta que já fui:
peito aberto, a sangrar,
a deixar esse entrever de raras letras...


¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨


¨Tenho dito
'
Quase sinto o peso desse ódio
que povoa a minha mente...
Se não era pr'eu ser feliz
pra que cargas d'água foi esse engano?
'
'
Por isso eu não quero essa merda
que chamam erroneamente de amor...


¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨
Pérfido olhar...

Falava-me com os olhos
e eu bem desconfiava:
Era laço esquisito
a querer-me a ruir.

Falava-me e eu lia
e muito dizia de ser-me metade.

Agora é só nada,
só vento enganoso
do tipo que nunca
será temporal...


¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨
¨Liberto
'
Eu sei da porta aberta pro sorriso de uma flor.
Eu sei daquela cor que é preferida pela bela.
E ela que é fascínio me orienta a querer mais.
E eu nem sou capaz de olhar sério para os montes...
Ta! Eu sou culpado e sei merecer a vil morte.
Mas deixo para ontem porque agora eu sinto o orvalho
Dessa fresca noite que me cai como uma luva.
Sinto a liberdade me abraçar e eu vou profundo!
Dane-se o mundo, pois sou meu e não me dou.


¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨


¨Prosseguindo...

Se o estampido foi ouvido
desde as bandas lá do algures
quem poderia olvidar
algo tão sinistro e triste?
Fui levado a absorver
cada impacto em meu rim
como absorve ou assimila
um direto do inimigo...
Veja que nascer do sol
anuncia o vermelhar
sobre as nunvens carregadas!
Ah, eu sou só esse insano a escrever mais uma vez...


¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨


¨Fatídico oblidar em versos suspirantes
Dos entes lindos que esvoaçam em odes firmes.

E o devaneio assaz presente em tantas letras

Quilhadas com paixão remanescente e enriquecida,
Mescla-se com o dom da expressão!
Rastilhos de uma dor sem ter razão...
'

¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨


 ¨Lástima!
'
Abro o jornal e o cheiro de chumbo avisa que não tem novas de ti...
Abro a janela e o sol é tão tímido!
Onde andará a bela que o aquece?
Teço um poema avesso a essa dor e passo ao lamento que é escuro e disforme...


¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨
¨Quater...
'
Podes ver o meu semblante
todo dor, tristeza e pranto?
Também eu não posso ver
tua cara de espantada
em dor de gozo em extremo...



¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨




De novo...
'
Volto pra terra que é chã
em busca da tentativa
indômita de semear
pra que se colha
a unidade
e
que o sol
nasça outra vez
pra quem ainda é do bem...



¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨




Quando...
'
Quando o homem era criador de sí mesmo
já era difícil de atura-lo!
Quando ele passou a criar deuses
seu ego ficou apertado pro Universo,
mas quando decidiu ser ele mesmo deus...





¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨




¨Gêmeos

Entre róseo e lindo ébano aurelando os dois montículos,
Vejo uma infinidade que matiza pomos tantos.
Eis que uns avantajados são caminhos e os percorro
Linguajando em alpinismo agradável de fazer.
Tem, também, os pequeninos, eriçados e durinhos;
Todos doces com pitada de um amargo amendoado.
Não importa se cansados ou quais peras madurinhas,
Todos são mui desejados, e eu, criança, os gosto muito.


¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨



¨Ventarola
Nas raízes da toada eu aprendi que o desatino
Alvorece em mente crua acenando à flor da bela.
Ah! Se eu fosse um vento forte, rodearia o belo corpo!
Um tremor que é bom de ver lhe seria por prenúncio
De um momento sem igual de nome sofreguidão.
Mas eu sou só um ventinho
Desses que levantam plumas
E essas roçam levemente tez enxuta e desejada!


¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨


Páscoa
Passado...
Passagem;
passaram;
passaremos?
Passou...

¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨


Sal dá de doer de novo...
Deu pra ti também, ó truta?
Tutti bonna gente, eu sei.
Dura dor de dar que salga
e eu te vi dentro de mim.
Vem, então, também de corpo
e eu te esgano de beijar...

¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨






NO AMOR NÃO EXISTE MEDO
(I João 4:18.)

O címbalo que retine reticente
Previne a alma incauta sobre o medo.
Quem teme sofre o malho do tormento;
Recebe a vil pancada em pleno cérebro.
Algema-se aos pés da paranóia;
Encolhe-se em mundinho distorcido.
Não frui da perfeição do “summum bonum”!
Nem bebe Água da Vida, embora fresca.
Se estás a te enxergar nesse “grupinho”,
Apega-te Àquele que liberta
E quebra essas algemas que te prendem.



¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨


Parte 1


Amarei muito mais!
Penso ter conquistado, do dia,
terna fantasia de poder vivê-lo!
Desenrola-se um novo novelo,
porém nem se sabe até onde ele vai...
Esvai-se a desesperança,
pois que essa dança é em alegreto!
Ainda assim não prometo ser fraco,
ser forte ou resignado!
Lembro o que fiz de errado
e vejo assustado: não aprendi!

¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨


Parte 2

Amarei muito mais!

Já li algumas receitas as quais foram feitas com o fim de ajudar.
Voar é meu sonho agora, mas olho pra fora e não vejo o monte...
Já fui fonte bastante sorvida e encaro a vida num sempre me dar.
Deixa estar! Alerto o aprendiz, vê que a matriz está se apagando!
Chegando a metade do dia, ela que sorria, desconfia de mim,
Pois vê que meu fim anunciado ficou no passado. É cinza agora!
Embora as dores alertem que a vil presença é fato ainda,
Infinda é a minha vontade de não ser metade e viver por inteiro!


¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨


Parte 3

Amarei muito mais
Fagueiro foi o meu estado,
mas deixo de lado, sou mesmo Homem-raio!
“Lacaio” de um Deus soberano.
Feliz porque Ele estende-me a mão!
Em vão expliquei esse estado,
porque só errado entenderam os fatos...
Regatos escorrem de mim.
Eu chamo de bênçãos e outros, de “Graça”!


¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨


Parte 4


Amarei muito mais

A fumaça só vem lá de cima e isso me anima a chamar outro dia!
“Havia”! Dizia-me o Babbo, agora, eis que a pressa incisiva já era!
Foi tola quimera grimpante.
Doravante devagar e sempre; será a corrida lá pra Shangri-lá!
Haverá algo novo esse ano?
É insano querer cogitar. Deixo o dia raiar cada um por sua vez...
Minha tez inda brilha bonita e isso me incita a amar muito mais!



¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨


Gift

Porfiando co'a certeza
eu me rendo ao tom sublime!
Cerceado pelo sono
agradeço em estar vivo
e ao denodo eu vou, latente,
dedicando o meu cansaço...


¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨


Privilégio
Eis que é meu esse mocinho
por poder estar aqui
num espaço tão saudável
onde a dor já tirou férias
e o ardor é ser presente.
Deixo um rastro de euforia
e desmancho o que era lúgubre...


¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨

 Libertas
Das catenas estou livre
e hei de ver o sol brilhante!
Trago o olor da que me encanta
por debaixo do meu ser.
Ah! Tonteias minha mente
co'essa falta que me fazes.
Se eu tivesse mais da força
que eu sorvi num tempo atrás,
disparava para ti
o meu eu,
meu tudo,
agora...



¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨

Fortuito
Posso dar do desvario
que me toca no profundo
e essa pele tão amena
que me roça o falo mudo,
tão rosinha, me abala
a mais querer desse roçar...
Esse ceifar de gemidos
é u'a lida à qual me rendo...


¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨




Jardinagem
Pormenores dessa flor
já descubro em doses amplas.
Cada pétala bonita
em sedosidade eu sinto plena.
Grãos do pólem de um sorriso
eu diviso e me encantam!
Ah! Se eu toco em suas folhas...
Despiria essa ternura...


¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨


Estranhos tempos
Dentre os sonhos dourados
os poços sem caldas divergem
enquanto os lábios encostam
sem costados desalmados...
Pro amor as dores convergem
e vozes que os homens impostam
conseguem delir o fracasso
de um tempo de flores, escasso...


¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨


Atalaia!
O crepúsculo me pegou
quando olhava pro infinito...
Percebi ser a quimera
de um poeta conformado
a um ardor que não me veio
e eu sorvi como se fora.
Tens olhado o firmamento?
Tens já visto a rara estrela?
Sabes ser a enviada
pra encher-te do meu ser...

¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨
¨Promessa!
Pros destroços de um ente frio
eu preparei antepara serena.
Tracei caminhos mais difíceis,
mas eu vi n'alguns saída!
Pude ter nas tais escolhas
que as veredas me doaram
um frescor que acelera
o desejo de ir longe.
Vem provar do forte abraço
e eu te darei delícias!



¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨


Donde estás? ♀

Quem és tu que me entontence se eu pensar no quanto és linda?
Vens de um outro patamar pra falar co'as rosas nuas?
Se em ti penso já me dou ao dedure de mim mesmo...
Ó, mulher, de brio sincero, queres ver poeta em transe?
Quando o teu olhar pousar num dos textos que eu te fiz,
haverás de chorar fraco e dizer, fui mui feliz!



¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨

¨Aspectos
A mordaça que tolhe o ruído
é de cera curtida ao acaso.
Se a tormenta que ora insinua
um ocaso pro enlevo aturdido
fosse dona daquilo que trava,
nunca mais a muralha seria
como sebe já pronta a ruir.







¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨

Paternidade
Treponemas escapam do vácuo
e se escondem por baixo do instante
que prossegue indômito e frio
a tolher o que o tempo indulgiu.
Vai saber se era só coisa minha
essa fase a deitar sobre ela,
a criar-lhe bons filhos mui lidos.
Nossos, meus e da mãe poesia...


¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨


¨Advir
Num instante esse bom sonho
há de ser a realidade que escolhi
em algum dia e eu deixei na geladeira.
Pode ser que o tempo escoe;
Pode ser que o mar avançe;
Hei de entrar nesse embalar
que traduzes nesses versos...





¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨




Súplica
És quimera ou és mulher?
Tu és santa ou puta nobre?
Tens consorte, ó desejada?
Tëu olhar me deixa mudo
e eu já sei que tens denodo.
Abre o céu pra que eu te entre
e te beba devagar...

























































Sinistramente...

A poesia é parte destemida
Das artes, sendo mãe tão rejeitada
A ponto de se ver encurralada
Em lábios de poeta sem guarida!

A poesia é rica e essa lida
Na qual divago sobre tudo ou nada
À espera dessa moça iluminada
Que traz meu alimento para a vida...

Não posso concordar com gente fria
E que não vê poemas no seu dia
Ornando cada gesto, cada instante...

Vai ver sorvi de algo alucinante
E outra vez escrevo num rompante
Ou corre em minhas veias poesia...

Ronaldo Rhusso



sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Um ano sem meu menino e a dor, que é covarde, só piora...

BETINHO

۞ 07/1987 † 08/2010



Meu filho querido que eu mesmo escolhi

E a estrada ceifou-te: tou triste demais...

Tu eras xerife, um mal que te passei

E o amargo corrói.

Ah! Filho, só dói!

Eu quis diferente, mas nem percebi

Que o sangue não nega os nervos iguais.

A velocidade eu também enfrentei

Mas pressa na vida

Deixou-me a ferida.

Betinho, perdoa! O dom me falhou

O mal te levou e a dor,sim, ressoa!

Se ao menos pudesse trocar de lugar

Eu na pedra fria

Sem pensar iria

Deixar-te no dia e na noite deitar...

Ronaldo Rhusso

quarta-feira, 10 de agosto de 2011



Trovinhas para Isabel!


Acredite, ó querida:
Eu não cria em amizade
Nessa, n’outra ou qualquer vida
Como a nossa: de verdade!

Agradeço ao bom D’us
Por um privilégio assim!
Ele que em cuidados Seus
Revelou você pra mim!

Oro por sabedoria,
Por manter o privilégio
De fruir com alegria
Desse Dom que é quase régio.

Seja sempre abençoada
Junto com os caros seus!
Essa vida não é nada
Sem amigos e sem D’us!

Ronaldo Rhusso




 
Com certeza!

Dançam as horas... Vejo o desenlace,
Ápice lindo e cheio de euforia...
Penso comigo: “Tempo, ai se voltasse
Cada momento em mágica alegria!”

Dançam as horas... Moça, se dançasse
Só para eu sorrir... Vai dançar um dia?
Penso comigo: “Tento eu alcançasse -
Lábios carmins – Ah! Muito os sorveria!

Desço do tempo. Sou só marginal,
Qual debochado, ímpar meliante!
Dando as costas sem temer flagrante.

Tempo ou espaço não me é usual.
Danço co’as horas. Eu sou sem rival,
Pois, por beijo seu, mato doravante!

Ronaldo Rhusso

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Tanto que...

Tomo um trago do amargo de minh’alma
E o sabor adocica enquanto dói.
Onde estás, ó absurdo que me encalma?
Onde errei? Eis questão que me corrói...

Ah! Se o gosto da tez que a mim é trauma
Aquietasse em palato que remói
Essa dor tão horrenda que espalma
O melhor que há em mim e, eis, me destrói...
'
Onde o bom serviçal se ocultou?
Acredito em poesia, pois é lindo
O nascer de uma Ode que vem vindo

Afagando outro ser que a alcançou
E do frio desse chão o arrebatou
Pr'onde a dor e esse ardor vão se elidindo...

Ronaldo Rhusso 


DepreSonnet!

Balbucio esse verso contendendo
Com o forte cansaço contumaz
Que me toma por presa concedendo
A um mal que abomino algum cartaz...

Outro verso, percebo, vai nascendo
Desejando outra quadra, mas assaz
É a dor que eu me pego remoendo
E que não me deseja o ir em paz...

Amiúde eu pensei: “melhor parar”!
E o que faço do Dom se não se vende,
Nem se doa ou empresta, só se aprende?

O Soneto é capaz de intrigar
Quem o olha qual fosse um vão rimar
E de fato, inocente, não o compreende...

Ronaldo Rhusso


domingo, 24 de julho de 2011

Náufrago...

Náufrago...

Vivo e ainda tão só, restrito ao leito pobre,
Basta à minh’alma a calma e o fim do velho pranto
Tão decadente, eu sei, e enfim soltando o canto
Nessa sinestesia o atrito de água e cobre...

E posto que eu houvesse escrito em ouro nobre
As letras de um poema assim em desencanto,
O vosso olhar que é puro e em mim um acalanto
Jamais veria a dor ou grito, ânimo dobre...

Quase logrei cessar tristeza, algoz terrível,
Mas não vi força em meu ser frágil, quase morto.
Toda uma vida aquém do adágio ‘rei deposto’...

Além da linda e vã destreza em ser passível
De ter ness’arte audaz pureza e ainda absorto
Por vossa ausência vil: naufrágio em vosso gosto.

Ronaldo Rhusso

segunda-feira, 18 de julho de 2011

A DERRADEIRA POESIA

- A DERRADEIRA POESIA

Abordo meus fantasmas com descrenças
À bordo dos meus sonhos, sigo insone
E quando ouço chamar neste interfone
Preparo pra enfrentar mais desavenças.

Não tendo mais nem fé sequer as crenças
Nem mesmo uma palavra que me abone,
Por mais que a solidão não me abandone
Antigas esperanças são imensas.

E quando apodrecendo mais um tanto,
A vida se perdendo em farto encanto
No desencanto grana um novo dia

Imerso nas neblinas corriqueiras,
Arcaicas ilusões erguem bandeiras
E nasce a derradeira poesia...

MARCOS LOURES



Querido, tua dor não é segredo!
Dá medo perceber: tua fé se esvai!
Descai o meu semblante e sei que é cedo
Pro ledo engano... Eis, tanto te subtrai...

É Pai o Criador e só c’um dedo
Degredo manda embora e Satã sai.
Sei vais me compreender, pois que concedo
O enredo do sofrer que sobressai-me

Meu ai que tu conheces, meu irmão!
É vão o entregar-se derrotado
Bocado que tu sabes ser sorvido

Bebido pelo Bicho, pelo Cão.
O não se lamentar deixa-o de lado
Sedado pelo orar do destemido!

Ronaldo Rhusso



Cansado de lutar contras as marés
Bravias desta insânia coletiva,
Ainda quando o sonho sobreviva
Velhas correntes atam os meus pés,

Cansado de seguir noutro viés
Enquanto a fantasia não cativa,
Minha alma da esperança já se priva
E perco o quanto houvera em ledas fés.

Um dia, após o fato consumado,
O verbo conjugado no passado,
Não sobrará sequer algum resquício

Do que pensara ser bem mais suave,
E a cada novo engodo a vida agrave
Cavando simplesmente o precipício.

MARCOS LOURES




Eu digo que estás equivocado!
Tu és a grande luz entre os poetas
E mártir deve estar, sim, preparado
Para chegar à última das metas.

Sem medo, mas com fé e de bom grado,
Um vate como tu suporta as setas
Aniquilando a dor que é mau bocado
Com versos lindos. E eis que ao mal tu vetas!

Meu caro tu és forte e a Depressão
É mal que nunca dura, eu sou a prova!
Pois quando a dor se vai meu Dom renova.

A fé não morre, pois é a razão
Que leva a tua alma à inspiração
E no que é feio tu tens dado sova!

Ronaldo Rhusso


Porém minha esperança em funerais
Não deixa nem sequer a menor sombra
Que tanto me conforte quanto assombra
Gerando dias turvos, desiguais.

Na alfombra onde pensara haver descanso,
Somente a sensação de algum faquir
No quanto poderia e sem porvir,
Deveras, no final já nada alcanço.

A luta se fazendo quixotesca
Moinhos gigantescos, medos tantos,
E os olhos entre velhos vis quebrantos
Resumem cada cena mais grotesca,

E o que consola quem tanto peleia:
Poder vagar além da lua cheia.


MARCOS LOURES






Eu digo que te enganas novamente,
Pois teu legado é grande e muito encanta.
Só morre quem viveu e, displicente,
Deixou passar em branco a lida tanta!


Irmão, qualquer um vê, és diferente
E a obra tua à toda se agiganta.
Tu és quem põe ess’arte a ir pra frente;
Fazes da poesia u’a arte santa!

Aqui, coadjuvante, eu testemunho
O brilho de teus versos magistrais
Que calam o sonido de teus ais

A alma que expões a próprio punho
Eu tento imitar, mas só rascunho.
E esse teu ser jamais se satisfaz?


RONALDO RHUSSO




Ainda que cogite em poder ter
Nas mãos este buril que me emprestaste,
Jogado pelos cantos feito um traste,
Ausento-me do sonho de viver,

A fonte já secando e sem saber
O quanto poderia em tal desgaste
Traçar além do que deveras eu me afaste,
Buscando a poesia; frágil haste.

Em ti, além do mais nobre parceiro,
Certeza da florada no canteiro
Das tantas verdejantes primaveras.

Mas quando me observando mais de perto,
Aos poucos, lentamente eu me deserto,
Entregue sem defesa às várias feras.

MARCOS LOURES



As feras que se danem, és herói!
Não há poeta vivo qual tu és!
Para que alguém se achegue aos teus pés
Verá na tez o quanto a dor corrói.

Mas esse teu talento ao frágil mói
E tu te entregas, pulas do convés
Da nau da vida eu vejo de viéis
Sem entender: O bom, eis se destrói!

Amigo dor é luxo para os fortes!
Se a vida já não mais te satisfaz,
Oh! Satisfaças tu à vida assaz!

Eu peço tão somente que suportes
E morras a mais bela e vil das mortes,
Sem vã tristeza, ess’arma dos boçais!

RONALDO RHUSSO

Maior talento eu vejo em quem com fé
Consegue superar suas barreiras,
E nisto mesmo quando em cordilheiras
Permite-se deveras ser quem é.

Palavras; leva o vento, o que resta,
Depois de tantos medos e vitórias
Moldando a vária tela das histórias
A face se mostrando além da fresta.

Tu és o meu exemplo; em ti vejo,
Em minhas tempestades, o farol,
Meu verso aproveitando o belo ensejo
De poder caminhar bem junto ao sol.

Permite que deveras alto eu brade
Em toda plenitude esta amizade!

MARCOS LOURES


O meu querer é simples, meu amigo:
Mandar tua tristeza ir embora
E ver-te derramando aí a fora
Os versos que pra muitos é abrigo!

É grande a missão que tens contigo
E o mal que te persegue já implora
Pra ir embora, pois que já aflora
Tua força renovada. Que perigo!

O mal tem suas hostes dedicadas
A não querer te ver nos abrigar
Com esse teu brilhante versejar.

Palavras vento levam? Não. Coitadas!
Tu tornas todas elas delicadas
E o planar delas vem nos encantar!

RONALDO RHUSSO

Brindamos com mil versos à esperança,
A nossa companheira e a fornalha
Que gera a fantasia e assim se espalha
Aonde a poesia, em luz. avança.

Nossa alma, tantas vezes de criança,
Vencendo sem temor qualquer batalha
Tecendo com ternura a cordoalha
Que ao infinito tempo além se lança.

Vibramos consonantes harmonias
Poemas que criamos- tu sabias-
Alentam nossos tantos sofrimentos,

Jamais nos perderemos no caminho,
Num mundo muitas vezes mais mesquinho
Cantemos com louvor aos quatro ventos.


MARCOS LOURES


Oh! Sim. Cantar pra mim é sorver vida!
Um bom louvor anima a minha alma
E logo de manhã, antes da lida
Louvar a D’us espanta todo o trauma!

Irmão, a poesia é-nos guarida
E sinto que essa moça nos acalma.
Eu sei que ela é quem a nós convida
A transformar o mundo e isso encalma!


Os quatro ventos são bons aliados
Porque propagam o cantar perfeito
Que sai do teu e também do meu peito!


A vida eu sei nos deixou machucados,
Mas também nos cedeu uns bons bocados
E a esses é que eu canto em tom perfeito!


RONALDO RHUSSO


Se apesar dos pesares sou feliz
Eu devo à poesia este aconchego
Ensina com certeza o desapego
Criando este cenário que ora eu quis.

E mesmo quando a noite é mais nublosa
Os sonhos esvaídos nas sarjetas,
Os brilhos de diversos, zis cometas,
Cevando nos astrais a nebulosa

Que possa nos trazer a plena luz,
Qual fosse uma explosão de tantos sóis
E quando em consonância tu constróis
Encanto noutro encanto se produz,

E mesmo quando a vida nos maltrata
A poesia surge na hora exata!


MARCOS LOURES


É fato, meu amigo! Tens razão!
A poesia clama e obedecemos
Porque direito, esse, nós não temos
De dizer não à doce inspiração!

O recriar o que quebrou-se ao chão
É algo em que com brio nos envolvemos
Porque em nosso íntimo sabemos
Que ser poeta é ir na contramão.

Mas veja como isso é engraçado!
A nossa verve nem é compreendida,
Mas inda assim renova a frágil vida

Que muitos fruem sem olhar pro lado
E ver que a poesia é o legado
Que espalhamos e sem remorso ou brida!

RONALDO RHUSSO


Matizes que deveras percebeste
Num mundo já grisalho e sem sentido,
E quanto mais contigo ora lapido
O mundo segue além do que fora este.

Cada momento enquanto engradeceste
Tornando bem mais forte e decidido
O passo rumo ao farto presumido
No encanto que deveras tu teceste.

E, pareados, temos nos poemas,
Ruptura do que fossem as algemas
Que tanto o dia a dia nos impinge.

A poesia brota a cada instante
E nisto com certeza nos garante,
Qual Édipo vencendo a velha Esfinge.


MARCOS LOURES



Esse brotar de versos me anima;
E toca o meu sentir com mais urgência!
Retorna o entorno para a coerência
E sei que há alegria lá em Cima!

Os anjos, bons poetas, nesse clima
Já tangem suas harpas n’anuência,
Pois sentem que se foi a vil dormência
E resta a esperança em rara rima!


Assim, meu bom amigo, a negra morte
Se sente derrotada e humilhada
Por tua excelente poesia.

Ainda que ela venha e seja forte
Só levará a carne já cansada
E a vida eterna vem com primazia!.

RONALDO RHUSSO


Liberto coração fala por si
E traz a eternidade a cada instante
Dos sonhos, sendo mero navegante,
Amigo, como é bom estar aqui!

Por tanto tempo, alheio ao que vivi,
Meu verso noutro rumo, degradante,
Agora na esperança se garante
E traz ao pensamento, frenesi.

Edênico caminho ao mais sublime
Etéreo desenhar tanto redime
Que nos permite além do que é palpável.

Tornando mesmo o solo mais agreste
Num campo bem mais rico e sempre arável,
O mundo que deveras compuseste.


MARCOS LOURES


Diria: o privilégio é só da gente!
Que sorve de teus versos... Euforia!
Não será derradeira poesia;
Um mestre como tu deixa-a latente!

A História vai mostrar que é diferente,
Em livro ou o que valha em breve dia
Pra fazer entender dicotomia,
Querer e ser poeta, realmente!

Alguém faz um aposto de dois versos?
Se o fiz foi pra deixar bem registrado
O quanto a estupidez me causa enfado...

Em que latrina estão crânios imersos
Dos grandes editores controversos?
Estranho não te ver já consagrado...

RONALDO RHUSSO



Querido, na verdade ainda cismo,
Tentando no soneto em ritmo clássico,
E sou por isso mesmo qual jurássico
Aos olhos do velhusco modernismo.

A vida, porém tanto generosa,
Permite que se encontre no caminho,
Ainda quando exista algum espinho,
Fragrância tão suave de uma rosa.

Eu creio como crês na eternidade,
Nossa alma, noutro estágio no futuro,
E neste novo mundo configuro
A mais real e bela claridade,

E enquanto houver dos sonhos, o jardim,
Mantenho a poesia viva em mim!


MARCOS LOURES



Eu trilho por caminhos bem diversos
Por crer que a poesia assim exige.
Mas sei que minha alma não se aflige
Porque não sou de instar com muitos versos.

Lutar por versos justos e complexos
É como um motorista que dirige
Sem uma infração: ninguém corrige!
Seus atos bons são vistos ou dispersos?

O bem que ele faz é instrumento,
Preserva a vida e é muito louvável!
Por isso vale a pena ir adiante!

O Clássico é tesouro! Nobre intento
É dar-se a preservá-lo! É intocável
A alma que se dá a essa constante!

RONALDO RHUSSO




Num tempo onde se busca alguma ajuda
Ou mesmo a insanidade da mentira,
Quem noutro caminhar tente e prefira
É pássaro sem penas, fria muda.



Num tempo onde o consumo se amiúda
E a qualidade expressa mera pira,
O sonho pouco a pouco se retira
Sem nada que deveras nos acuda.

Quisera ter nas mãos este poder
De hipnotizar com mitos e trazer
Um mundo aonde vise simplesmente

O masturbar dos egos na falácia;
Faltando para tanto a torpe audácia
Nosso verso se finge, jamais mente...


MARCOS LOURES



Sigamos sempre à frente dos pequenos
De mente, de carinho, ou de vivência...
Tenhamos sempre a nobre paciência,
Pois mal por mal é coisa de somenos!

Custar a compreender que vale menos
O novo, trivial, sem competência
Que o ouro garimpado na eloquência
É o mesmo que macacos entre acenos...

Não digo aqui que os símios nada valem.
Mas eles só repetem por instinto
E muitos deles são melhores, sinto!


Compor faz que alicerces vãos se abalem!
O nada e outro nada se equivalem.
É dura realidade, mas não minto!


RONALDO RHUSSO




Vivemos num fast food e nada mais,
Consumo dever ser somente hedônico
O verso que se faça mais harmônico
Espanta os pensamentos, tão iguais,

O velho sonetar, agora agônico,
Tramando em maravilha risos e ais,
Que a cada novo canto demonstrais,
Morrendo a cada espasmo, rito crônico.

Jamais se imaginasse um plenilúnio
Ousando acreditar neste infortúnio
Ou mesmo no que faça-nos pensar,

Consumo tem que ser imediato,
Tecer do dia o dia o seu retrato,
É como no vazio navegar...

MARCOS LOURES

O mundo é louco abismo, meu amigo!
Não vê o descansado ou sem juízo,
Pois isso é tão latente que diviso
Humanos que só veem próprio umbigo!

A correria assaz eu não persigo.
Parei na contra-mão, eu amo o siso.
Até na poesia eu sou conciso
E muitos nem entendem o que digo...

Por mim eu nem rimava água com sal,
Mas o dicionário é muito caro
Ou meu leitor vê nele um anteparo!

Desejo dar um tempo e é normal,
Pois tenho o objetivo surreal
De vislumbrar o por do sol mais raro!

RONALDO RHUSSO