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sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Sepultados por dentro...

Eles comem a terra que irá lhes comer mais cedo ou mais tarde se acaso os abutres não lhes devorarem as tripas, os corpos...

Não há esperança!

A vida é canseira e não há lembrança de dias felizes...

Morrer é o encontro com a negra imagem que trava a existência e é, sim, parecida com a tez sem vida...

Não é o final, nem é recomeço, é só o que se tem...


Ronaldo Rhusso

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Sorte de quem?


E a quem por consorte e em Poesia
eu hei de tomar?
Valham-me santos, pois prantos
insistem em tornar-me refém...
Eu, sim, te amo e na noite timbrada em betume
faz com que eu veja o final do meu túnel apagado.

Tu tens a força, eu já disse!
Disto de ti qual o extremo do Sul dista o Norte,
mas meu carinho é certo e está perto. Não sentes?

Tremo, confesso, só de encarar a verdade:
Tu te irás e eu também, mas nos encontraremos?

Prenda eu te enxergo, mas vejo melhor com os lumes fechados!

Queres, eu sei, mergulhar dentro em mim
E eu ‘té deixo! É que tu te sufocas ligeiro.
E o teu medo? Não te aperfeiçoa. Só soa qual fosse estampido vil, certo...

Vou-me dormir outra vez e tua tez eu a sinto com gosto de vida...
Eu, frágil anjo, te roço uma asa e tu tremes e gemes, pois sabes ser tudo verdade...

Ronaldo Rhusso



 

sábado, 31 de março de 2012

On and on





Sem cessar..


Pela manhã inicio as laudes, ainda soturno...
É meu diurno compromisso com o Eterno.
Há um inverno em meu coração!
Há um sermão em minha mente...
Sou monge carente da força de D'us...

Às doze e às quinze, as médias me reanimam.
Dizimam de mim essa dor que me angustia.
Quase final do dia e eu ainda penso em meus pecados...

As vésperas me são propícias! Sinto as delícias da Comunhão!
Sinto melhor o chão, e, de joelhos, me quedo confiante.
Sou vero amante e meu sustento é a oração.

Faço as completas nas horas cheias de fé, de carência do afago do Mestre...
Faço de cipreste minha arca qual relicário...
Sou legionário e vivo pelo Amor que me sustenta!
Orienta-me... Então, feito monge menino,
Oro esse ofício divino.

Ronaldo Rhusso

quinta-feira, 29 de março de 2012

SÓ NÃO MORRERÁ O AMOR!


Vera noite vi em sonho
Turbilhões com suas vagas;
Quase alcançavam o céu!
As palavras me vieram tão latentes na visão!
Ouve um choque de egos toscos
Provocando mil fagulhas
E a chama que nasceu lambeu totalmente o ódio!
Vi queimar indacas podres;
Vi tostar diversos corpos;
Almas sujas de quem era o horizonte desse mal!
Quando o fogo apagou o que restou nem era cinza.
Era o vasto e temerário arremedo do meu ser.
Ah! Morte...
Se eu pudesse enganá-la, talvez me matasse o “eu”...
Talvez me purificasse dos desmandos que eu provei.
Ah! Morte...
Não espere aí parada. Nosso encontro se perdeu.
Se marcarem novo embate cubra a face e cumpra a Lei.
Chamem anjos, homens raios!
Chamem férteis Madalenas!
Clamem aos plenos pulmões que o inferno já perdeu!
Beba a largos sorvos gélidos dessa Fonte que é tão Deus!
Quer provar do infinito? Encha a boca de ardor!
Se quiser ver o segredo, saiba, só não morre o amor!
Vi tão forte e limpo aço e um reflexo a me olhar:
“Não sabia que existia”!
Disse o espelho a mim mesmo.
Meu reflexo era opaco e meu ser um verbo anômalo.
Despertei dessa visão como quem engana a morte.
“Não sabia que existia”!
Ecoou mais uma vez.
Eis que a face do Cordeiro se me veio à lembrança!
Eu chorei desconsolado.
“Ora vem”! Gritei co’a alma!
Eis que um raio iluminou meu Caminho e a esperança!
Novamente me peguei nesse êxtase tão lindo!
Apalpei a minha mente e vi que, essa, era só vida!
Entreguei meu tabernáculo a Quem era por direito!
Eis que o fogo renasceu e eu o vi sair de mim.
Espalhou-se como um raio e logo iluminou o mundo.
“Não sabia que existia”!
Não Se afaste mais de mim!
Sei que em Sua companhia se me afastará o fim!
 Entendi esse segredo e repeti para mim mesmo:
"Quando tudo terminar só não morrerá o amor"!


Ronaldo Rhusso

domingo, 25 de março de 2012





Antigos fatos...

O tempo luta vil e em covardia... Talvez a inveja seja o que lhe mova, mas bravamente a força da estrutura desvela histórias de plebeus e nobres...
Quem nunca ouviu falar daquele escravo que construiu fiel e resoluto a fortaleza que em paredes fortes abrigaria a linda senhorinha com quem ele brincara em anos áureos, mas que cresceu e foi pra capital?
Voltando, anos depois, mulher casada com um doutor de frágil complexão, o qual deixou viúva muito cedo a, outrora, menina brincalhona...
O negro, ao seu mandado, decidiu fazer co’a experiência adquirida em lida que, contínua, o preparou pra soerguer palácios, se preciso, um casarão pra dona de sua vida...
E com ajuda de uns comandados ergueu o casarão em meio à praça, de frente pra Matriz, onde a senhora, em negro traje, entrava pra elevar a prece que apelava à indulgência, pois em surdina cobrava serviço ao forte escravo, servo obediente!
Os gritos abafados lá na alcova denunciavam outra brincadeira na qual o pobre escravo era o senhor da alvura de uma pele pura e “santa”!
Antigos casarões escondem fatos em suas estruturas que o tempo se esforça pra delir com a história...