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quinta-feira, 28 de julho de 2016

BERNADETE....




A 28 de julho de 1949 nascia a minha mãe. Com ascendência Pataxó, por parte materna, e ascendência judaica, por parte paterna, nasceu nas imediações da extinta Estação Ferroviária da Baleia, área Rural da cidade de Ilhéus, na Bahia. Estudou e formou-se no Convento Senhora da Piedade, migrou, aos 18 anos, para o Rio de Janeiro, após sair de um casamento que não lhe propiciou felicidade e foi morar em Botafogo, onde tentou outra vez e com um russo, também de ascendência judaica, deu a luz a esse poeta que teve o privilégio de, aos nove anos de idade, vê-la mandar vida abastada, mas sofrida, às favas e retornar para Ilhéus, aos vinte e nove anos com três rebentos e cria-los com muita força preparando cada um para a realização de seus sonhos... Lembro quando ela me disse: “- Vai filho! Seja meus olhos no Velho Mundo e não poupe esforços para ver o que a Arte pode oferecer a quem tem olhos para ver”... E fui.

segunda-feira, 28 de julho de 2014



Mãe VI...

Inverno, inferno frio sem tu aqui!
Aderno dentro em mim num choro enfático...
Tento sair, mas sou um ser estático
a procurar o grito que perdi...

Acordo e o pesadelo eu não deli!
A dor, essa emperrou no automático!
E eu que de sofrer já estou prático
percebo que, também, mãe, já morri...

As letras quem digita não sou eu!
Um bardo assaz teimoso é quem compõe
enquanto meu eu já se decompõe...

Meus olhos não enxergam, resta o breu
que a cinzas minha alma converteu
deixando esse vazio, agora mãe...

Ronaldo Rhusso

Mãe V...



Hoje tu farias meia cinco!
Jovem para esses novos dias...

Esse céu de cinza emoldurado
não vai mais ficar azul na mente
de quem não vai mais ver o teu riso
nem vai escutar os teus conselhos...

Hoje tu farias meia cinco!
Quase nada para a Eternidade...

Órfão, sinto o medo do castigo
de viver aqui por muito tempo
sem aquela voz que me dizia
como eu era forte e eu nem sabia...

Hoje tu farias meia cinco!
Foste embora logo e a dor ficou...

Hoje descobri grande defeito
dessas criaturas, quase anjos...
Amam, dão-se a nós qual ninguém faz,
mas voltam pro céu cedo demais...

sábado, 5 de julho de 2014

Mãe IV...




Roubaram-te os sessenta e cinco Invernos
e quem sobrou, qual eu, ficou com frio.
Tu foste completar o mar qual rio
que junta-se a outros rios ternos...

Mamãe quis te contar dos hodiernos
dilemas que me afligem, mas sombrio
é esse eco vindo do vazio
que deixou tua ausência: mil infernos!

Trancado aqui no cômodo inseguro
da minha existência sem guarida
de teus conselhos, mãe é dura a lida...

Pensaste que eu estava bem seguro
nessa idade de homem maduro,
mas sinto-me desnudo nessa vida...

Ronaldo Rhusso

domingo, 22 de junho de 2014

Mãe III



Quem me dera você estivesse aqui
e o riso que amaina a tempestade
banhasse meu semblante só metade...
Veria eu o céu que não mais vi...

Quem me dera sorver qual não sorvi
os segundos que tive de verdade
com aquela que se foi em brevidade...
Teria eu o olor que estava em si...

Não desce na garganta a sua ausência!
Não vejo graça e o dia é tão sombrio
que a noite é tão igual! É denso o frio...

Você me abençoava e a anuência
do som da sua voz, a providência...
Você dormiu tão cedo e hei-me em vazio...

Ronaldo Rhusso

sexta-feira, 9 de maio de 2014

MÃE ii



Não que eu não tenha dito milhares de vezes que a amava, mas ao perder esse ser maravilhoso, parece, ao menos a mim, que se eu tivesse dito milhões de vezes teria, ainda, sido pouco!

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Mãe...



O frio que me congela nesse instante
assusta, dói, destroça desde a alma...


Parece endurecer minha medula
e desconcerta a fonte de pensar...


Eu sei: a lágrima adianta nada!
Tampouco me interessam sensações
que não mais sentirei, sou nau sem porto...


Eu tremo, convulsiono... E adianta?
Que nada! A morte é má e acerta em cheio.


E a fé? É por o pé sem ver o chão
e já não vejo esse chão faz tempo...


Mas ponho pé, cabeça, assim mesmo
porque eu sei em Quem eu tenho crido...

Ronaldo Rhusso