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sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Poeta é você!


Não quero o desencanto de uma rosa
que, triste, morre seca em vaso d’ouro.
Não quero ser guardado qual tesouro
a sete chaves, sina desastrosa...

Não quero ser aquele bardo prosa
a versejar qual ave em mau agouro.
Prefiro, do trovão, ouvir o estouro
do que o elogio de mente vã, airosa...

É tão meridiano o olhar dela!
Perscruta minha alma por um lado,
mas noutro brilha assim desconfiado...

Por que ela se esconde nessa cela
dentro de si, se é jovem e tão bela?
Seus textos me superam um bocado...


Ronaldo Rhusso

segunda-feira, 28 de julho de 2014



Mãe VI...

Inverno, inferno frio sem tu aqui!
Aderno dentro em mim num choro enfático...
Tento sair, mas sou um ser estático
a procurar o grito que perdi...

Acordo e o pesadelo eu não deli!
A dor, essa emperrou no automático!
E eu que de sofrer já estou prático
percebo que, também, mãe, já morri...

As letras quem digita não sou eu!
Um bardo assaz teimoso é quem compõe
enquanto meu eu já se decompõe...

Meus olhos não enxergam, resta o breu
que a cinzas minha alma converteu
deixando esse vazio, agora mãe...

Ronaldo Rhusso

Mãe V...



Hoje tu farias meia cinco!
Jovem para esses novos dias...

Esse céu de cinza emoldurado
não vai mais ficar azul na mente
de quem não vai mais ver o teu riso
nem vai escutar os teus conselhos...

Hoje tu farias meia cinco!
Quase nada para a Eternidade...

Órfão, sinto o medo do castigo
de viver aqui por muito tempo
sem aquela voz que me dizia
como eu era forte e eu nem sabia...

Hoje tu farias meia cinco!
Foste embora logo e a dor ficou...

Hoje descobri grande defeito
dessas criaturas, quase anjos...
Amam, dão-se a nós qual ninguém faz,
mas voltam pro céu cedo demais...

domingo, 22 de junho de 2014

Mãe III



Quem me dera você estivesse aqui
e o riso que amaina a tempestade
banhasse meu semblante só metade...
Veria eu o céu que não mais vi...

Quem me dera sorver qual não sorvi
os segundos que tive de verdade
com aquela que se foi em brevidade...
Teria eu o olor que estava em si...

Não desce na garganta a sua ausência!
Não vejo graça e o dia é tão sombrio
que a noite é tão igual! É denso o frio...

Você me abençoava e a anuência
do som da sua voz, a providência...
Você dormiu tão cedo e hei-me em vazio...

Ronaldo Rhusso

sábado, 11 de agosto de 2012

Elegia X (10/08 - 2 anos sem Betinho)


Menino, eras veloz em demasia
E havia em ti o mal que há em mim...
O tempo, o ente atroz, tem primazia
E corre, qual corrias, para o fim...

 Mas ele engana a gente e eu fazia
O meu pior achando bom, enfim.
Já tu te foste e agora a fantasia
É ver-te em Shangri-lá sorrindo, oh sim!

Eu lembro tu pequeno e nós correndo
À beira-mar... Menino era tão lindo!
Agora aqui, sem ti, ah eu me blindo...

O mundo é cão e é sempre tão horrendo
A multidão não vê e está correndo
Atrás do nada e o nada? Ei-lo sorrindo.

Ronaldo Rhusso