quarta-feira, 18 de janeiro de 2012




Canarinho amarelinho...

Ouço o choro da moça das letras
assaz enclausurado no peito!
Eis que, atenta, ela se vê desnuda
em bons versos que falam mui alto...



Há regatos saindo outra vez
escorrendo de dentro de um Raio;
alvejando um coração sofrido
e tão cheio de terna beleza!
Sei que é bela, é canário que canta
em clausura escolhida outro dia!
Em seu voo recluso antevejo
um futuro feliz ao extremo!



Onde vais, canarinho da terra?
Hás de aqui inda dar o ar da graça!


Eu te vi a cuidar dessas asas
e eu sei que tua alma é perfeita!
Se teu canto é como o de quem sofre
eu entendo que é mal necessário
e agito a bandeira que um anjo
e irmão de batalhas me deu!


Vem sorrir outra vez, canarinho!
Esse ninho é mui besta sem ti...

Ronaldo Rhusso






Depressão Do nauta

Se a terra era distante e desejada,
Montada foi a armada a buscar ela.
Querela causticante essa empreitada!
Jornada assoberbada em caravela...

Se a tela comportasse a desventura
Que é pura luta e enfado na História
E a glória eu desenhasse da aventura -
Loucura que é bom grado na memória -

Simplória não seria tal pintura!
E jura minha alma em euforia
Que
o dia em que eu sorvia o dissabor

Co'ardor e já com calma que perdura
E apura da harmonia a alegria,
Eu via: o forte trauma dói sem dor...

Ronaldo Rhusso

terça-feira, 3 de janeiro de 2012




Glória ao Santo!

Oh! D’us, o teu cuidado é tão intenso!
Se choro nesse instante é de alegria
E emoção por tua companhia...
És tão maior do que às vezes penso...

O meu amor por ti não é imenso
Porque nenhum verbete caberia
Pra definir com toda a maestria
O tanto que o que sinto é tão extenso!

Menor que anjos Tu fizeste a mim,
Mas eu posso voar sob as Tuas asas
Que me protegem tanto, ó D’us, arrasas!

Esse Soneto não teria fim
Se eu pudesse captar o quanto, enfim,
Antes de eu nascer Tu já me amavas...

Ronaldo Rhusso

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012



Mas não quiseste...

Gostaria que o verso olvidasse o espaço
e dissesse pro tempo: és criança e tens birra!
Gostaria que imerso em fervor do que acirra
todo mal, contratempo, eu deixasse o cansaço.

Mas eu ando disperso e me pego em escasso
dissolver passatempo e sentir-te qual mirra
revivendo reverso olor teu que me espirra
ao passado onde o tempo era o estardalhaço...

Prenda, entenda ou desista: eu sou sem nem ter sido
e de fato, eis o fato embebido em loucura
e sorvido de vista em chorar pela cura...

Se tivesses sentido o que tenho expelido
ao redor do que dista esse amor que hei sofrido
haverias querido o ouvir-me às escuras...

Ronaldo Rhusso

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Instantâneo...

Desato os feixes de cores
que reverberam em meu sonso olhar...
Desato a louvar o Altíssimo
pelos dons que Ele concede!
Transmutar olhos em ouvidos,
palavras em sussurros,
delírios no sentir frenético e raro...

Ah! Inspiração que erradia euforia e 
avilta o tempo e o espaço!
Ah! Quimera ansiada e entronizada
no íntimo do ser...

Abismado e em sonho contemplo o jardim rico e lindo!
O jardim é pra mim duplamente importante
e é meridiano!

Da roseira mais nobre escolhi uma rosa olorosa e macia;
tão rosinha e enfeitada por pólens lisinhos!

Ela treme e se encolhe ao meu toque gentil
que, de longe, ressente feliz terno toque.
É a rosa que é rara e que inspira esses versos;
rosa inteira entre caules marfim-salmonados.

"— Ei Nirvana! Eis que és pouco e me rio de ti"!

Não concebe o meu gozo inefável, coitado...


"— Tu sorris, minha musa"?

Eis que a dor não supera esse brilho no olhar
que pressinto daqui, do covil de poeta
que é o salteador desse corpo, ora frágil.

Arrepio me percorre ao provar dessa trama
ideada nos meus mais profundos recônditos!

"— Mera pausa, ó Prenda"!

"— Hora de conversar com quem há de fazer
tua dor desistir de morar ao teu lado"...

Ronaldo Rhusso

Que pena...

Destoo das hordas descrentes
E entoo um canto pro céu.
Ali haverá o discurso
Que soa qual dor para uns
E para outros só dissona?
Alterco sem nódoa no sangue,
Mas penso no turno perdido
Porque se sou cego também
Eis explicação pro distúrbio.

Eu vejo uma raça apenas!
Se a tez é escura e aí?
Sou pálido e fico vermelho,
Mas há o amarelo, ora, pois!

Aquele nasceu noutro corpo?
Então curta a vida que é curta
Porque corpo errado é praga
E eu nunca irei compreender,
Pois que eu não calcei o sapato...

Pra moda eu dou é banana!
Pro humano eu olho agitado
E não vou deixar de elevar
A prece por cada irmão
Que não reconhece o do lado
Como um seu igual no Universo...

Ronaldo Rhusso 

sábado, 10 de dezembro de 2011









E T de mim...

Ela não sabe a dor que tenho em mim...
Como entender alguém na tela fria?
Sei, sou, de fato, um raio em Poesia

E isso é tudo ou nada ou pouco, enfim...

Não sou metade dessa fama assim
Tão degradante ao ser que sou. Diria:
Tudo não passa, ao certo, de magia
Onde as palavras, cúmplices, são o fim...

Quando eu morrer serei logo esquecido
Não porque eu tenha feito quase nada
Ou por não ter mudado de estrada.

Será por causa desse mal sentido;
Desse ser tanto sem jamais ter sido
Ou por ter vindo à Terra em hora errada...


Ronaldo Rhusso

domingo, 4 de dezembro de 2011







Adeus!

Quanto vale um carinho igual ao teu?
Foi o meu cavilar nessa manhã...
No afã de, em meu ninho, ser só eu
É que deu-me o pensar em coisa vã.

Eu sou fã do jeitinho epicureu
Quase ateu, teu, de dar ao amanhã
Cores chãs de um caminho ao apogeu
Sem o breu, turvo mar, pobre titã...

És irmã da alegria de viver
Pois teu ser é tão cheio dessa luz
Que reluz noite e dia em minha vida...

Ah! Querida... Com receio por não ter
Merecer de tua guia que conduz
É que expus nesse enleio a despedida...

Ronaldo Rhusso